quarta-feira, 4 de abril de 2007

300: Propaganda de Guerra?


Estreou dia 30 de março, em circuito nacional o filme “300”, que narra uma versão da famosa batalha das Termópilas (onde pouco mais de alguns milhares de gregos peitaram algumas centenas de milhares de persas). Antes mesmo de “desembarcar” em terras brasileiras, o filme enfrenta algumas polemicas: em fóruns na internet e em comunidades do Orkut, se discute se ele seria na verdade “propaganda de Guerra” (ou ideológica, no contexto marxista) do nosso velho “Tio Sam”; ou uma simples peça de entretenimento. Este texto é a tentativa de sinalizar uma resposta satisfatória.

O Autor

Como o trailer anuncia logo no inicio, estamos diante de uma adaptação de historia em quadrinhos. É importante salientar que é baseada em um arco fechado (Uma mini-série com começo, meio, fim), não em um personagem estilo “pop”, como seria por exemplo, o Homem-Aranha. O trailer também nos revela que o autor da mesma é Frank Miller.
Para aqueles que não conhecem ao fundo o mundo das HQ’s, é importante salientar que Miller foi um dos maiores autores da chamada “nona arte”, sendo um dos responsáveis pelo destaque que a mídia recebeu na década de 1980. Dentre as obras primas de Miller, está uma história estrelada pelo Batman, cujo nome é “Batman - o Cavaleiro das Trevas”.
Embora para a maioria dos aficionados por HQ’s, “O Cavaleiro das Trevas” seja apenas uma das melhores histórias publicada em tal mídia, de fato ela é muito mais. Numa obra extremamente política, Miller cria um retrato bastante autoritário para o Morcego, ao mesmo tempo que o dota de um tipo de heroísmo revolucionário que nunca foi uma característica de Batman.
Outro fato interessante (baseada numa interpretação minha, mas fácil de se comprovar), é como Batman “transformou” Miller. Se antes de “O Cavaleiro das Trevas” Miller possuía uma visão mais liberal (vide suas histórias no Demolidor), depois de escrever seu épico envolvendo o Batman, centrou sua visão em um foco mais autoritário...

300: a história em quadrinhos

Em 1998, agora trabalhando para a editora Dark Horse, Miller resolve investir em uma versão própria sobre os eventos envolvendo Leônidas e sua Trupe de Espartanos. Tomando inúmeras liberdades criativas (300 pode ser qualquer coisa, mas é uma “qualquer coisa” bastante autoral), Miller coloca a mão na Massa.
Ao meu ver, o Leônidas de Miller nada mais é do que uma outra versão do Batman apresentado em “Cavaleiro das Trevas”. E Esparta seria uma nação povoada por inúmeros “Batman’s”. Todas as características que Miller inseriu no Batman de sua mini-série aparecem também aqui, seja a capacidade extraordinária de combate ou até mesmo as qualidades de liderança.
Mas aqui nos defrontamos com uma pista importante: por mais autoritária que seja a visão política de Miller, ele escreveu “300” bem antes do inicio da guerra do Iraque, do 11 de Setembro, e do choque derradeiro entre E.U.A. e as republicas Islâmicas. Já podemos eliminar a tese de que a HQ foi escrita como “ideologia”.

300: a realização do filme

Agora os paranóicos mais afobados devem estar pensando: “tá, a HQ é de 1998, mas o filme foi feito agora... será que ai não tem coisa?”. Bem vamos analisar isso também!
Embora marxistas gostem de acreditar na mídia como ferramenta ideológica de classes dominantes, reforçadora do status quo e blá blá blá, é obvio que não é bem assim. O que levou 300 a ser adaptado para o cinema foi a junção de fatores bem triviais...
Primeiro foi o sucesso alcançado pelo filme “Madrugada dos Mortos”, de 2004. Apesar de ser uma refilmagem (gênero que está em moda atualmente em Hollywood), o filme alcançou bom sucesso de critica (coisa rara em refilmagem...), publico e bilheteria. O diretor também mostrou ter talento para criar cenas impressionantes, alem de não precisar de muito dinheiro para produzir um longa decente.Assim sendo, o nome Zack Snyder (o diretor) encheu os olhos dos produtores de Hollywood, doidos para faturar mais verdinhas...
O segundo fator, foi o sucesso alcançado pelo filme “Sin City” (2005). “Sin City” foi uma adaptação literal de algumas histórias da serie de mesmo nome escrita por... Frank Miller!! Embora ninguém levasse muita fé no filme (que foi inovador em vários sentidos), ele alcançou relativo sucesso de bilheteria e impressionante sucesso de critica. Isso fez com que o nome de Miller passasse a ser bastante visado em Hollywood (Miller até conseguiu um filme pra dirigir sozinho, a adaptação de “The Spirit”)
Pronto: você tem um diretor competente em alta, um quadrinista (que já foi muito) competente também, e produtores safados querendo lucrar. Agora você bate tudo no liquidificador e surge a adaptação de 300.
Mas então... não teria nada a ver a guerra do Iraque com 300? Não. Pelo menos na decisão de adaptá-lo. Mas existe um fator interessante a se considerar... A atual onda de adaptações de HQ (bem como a alta que tal mídia alcançou recentemente) tem muito a ver com o clima americano pós 11 de setembro. Desse modo, 300 pode ser considerado um filho indireto da guerra Ocidente vs. Oriente (mas não um filhote direto e programado).

A trama na versão de Miller

O filme é uma adaptação quase literal dos Quadrinhos de Miller, com a diferença de que o filme acrescenta algumas cenas, e modifica alguns detalhes (acho que o mais perceptível pelos trailers é uma “humanização” do personagem Leônidas, e um aumento de relevância na trama de sua esposa, Gorgo). Mais pra frente iremos falar a respeito da versão em celuloide...Aqui vamos analisar a visão de Miller sobre a batalha das Termópilas, narrada em sua Graphic Novel.
A questão aqui não é comparar a HQ de Miller com a história verdadeira, ou mesmo com a versão de Herótodo sobre a mesma (também um tanto exagerada). O interessante é explicar a os conceitos da HQ sobre as próprias visões autoritárias de Miller. Em suma, o porque dos espartanos ser o que são na HQ.
O primeiro fato interessante, é que Miller transformou os Espartanos em “machos”. Os Espartanos, como todo bom grego, via como relação ideal o amor entre dois (ou mais :P) homens. Não obstante isso, ele transformou todos os demais gregos em “florzinhas”, como os “pederastas Atenienses”.
Miller também colocou os Espartanos lutando de “sunguinha”... Parece bobo, mas isso é essencial. Na verdadeira batalha, uma das vantagens que os Espartanos possuíam sobre os persas era o uso de armaduras de Bronze. Miller sabia disso (pois pesquisou imagens de referencia), mas ainda assim fez dos espartanos os “nudistas” da Idade Antiga. Ai vem a pergunta: Porque? Ora, muito simples, para aumentar ainda mais a macheza deles!! Os Espartanos, guerreiros imbatíveis, confiariam tanto em suas habilidades que não precisavam nem de armadura para lutar. Foi uma maneira de aumentar ainda mais a mítica sobre a coragem e destreza espartana.
Esparta era uma nação autoritária, onde o que prevalecia era a lei do mais forte. Os espartanos inspecionavam os recém-nascidos para ver se eles tinham alguma deficiência, e se eles tivessem, eram mortos. Não se admitiam “elos fracos” na sociedade Espartana. Embora Miller tenha alterado a “viadeza” dos Espartanos, ele manteve esse traço eugenista deles. Não bastando isso, ele coloca Ephialtes (o traidor de Leônidas e dos Gregos) como sendo um “deformado” Espartano, que conseguiu escapar do cruel destino reservado a eles na autoritária sociedade de Leônidas ...
A maneira como Miller retrata os Persas também é muito importante. Ele não se preocupa em atualizar os números para o consenso atual (de uma a três centenas de milhares), fazendo os Espartanos peitarem nada menos que um milhão de Persas (ainda assim ele não exagerou tanto como Herótodo, que colocou um numero três vezes maior :P)!! Miller também pinta os Persas como corruptos, alem de dar um jeitão todo efeminado ao imperador Xerxes...
Apenas pra encerrar o tópico: é fácil perceber que todos na trama que se opõem a Esparta ou são corruptos (o Oráculo), “viados”, covardes, fracos, ou a misturade mais de um desses fatores. E embora seja obvio, vale ressaltar que a trama é fascista, autoritária, parcial, homofóbica e eugênica. Mas é estupidez pensar que a trama não tenha também suas qualidades, e até mesmo um lado “poético”: é um ótimo épico, uma história de coragem e sacrifício, e um legitimo “produto pra macho”, do tipo em que se fica com vontade de socar alguém e de coçar o saco depois :P.

A trama na versão do filme

O filme, embora também glorifique o estilo de vida militar, não chega ao grau de “fascismo” contido na obra original de Miller. Embora ainda seja uma história potencialmente exagerada, maniqueísta, e cheia de erros históricos (eu disse cheia? acho que “entupida” seria um termo melhor :P); no cinema a história ganhou uma relevante “humanizada”.
Um ou outro discurso parecerão uma tremenda propaganda de guerra anti-Islã (principalmente o final), mas é bom lembrar que eles já existiam na HQ original, com pequenas mudanças. Mas o filme é muito menos reacionário do que poderia ter sido, já que não chega a ser homofóbico (apenas uma referencia aos pederastas atenienses) e nem a glorificar a crueldade interna de Esparta (como ocorre nas HQs), passando longe do nivel de "nazismo" que existe na HQ.

Semelhanças dos americanos com os Espartanos

Não é porque um filme não foi concebido como propaganda de guerra que ele não possa servir como tal. Nesse aspecto, vamos analisar semelhanças entre os espartanos e os americanos.
Para isso é preciso se levar em conta: 1- o modo como os americanos vêem a si próprios; e 2 - o contexto da trama em comparação com a campanha no Iraque. Assim sendo, vamos contar os pontinhos...

1 - Tanto os Espartanos quanto os Americanos podem ser considerados os melhores guerreiros de seu tempo. E ambos também possuem uma sociedade extremamente voltadas para questões bélicas.

2 - Embora os EUA sejam uma nação muito maior que o Iraque, é um tanto obvio que eles estão em menor numero dentro do país inimigo. Existem também inúmeras nações que “querem o couro” deles, principalmente no Oriente médio, sendo valida também a comparação entre a frase na trama: “100 nações cairão sobre vocês”. Sendo assim, no contexto da guerra, os americanos são uma minoria contra uma maioria.

3 – Tanto os E.U.A. quanto Esparta selecionavam “vencedores” e denegriam “perdedores”. Ambas as nações legitimam a lei do mais forte, mas nos E.U.A. você é humilhado durante a sua vida (principalmente no colégio), ao invés de te matarem quando nasce :P

4 – Os Persas são antepassados dos atuais habitantes do Irã, bem como indiretamente de vários outros povos da região. Se adaptarmos o fato de que pra maioria das pessoas “tudo aqueli povo lá é igual”(sic), os persas podem servir de metáfora para qualquer povo árabe ou praticante da religião maometana. Só para constar, o Irã se manifestou contra o filme, acusando-o de ofender sua memória.

5 – Embora para boa parte do mundo os “vilões invasores” são os americanos, não é assim que eles próprios se enxergam. Certos ou não, os americanos encaram sua campanha islã adentro como mera autodefesa, justa retaliação pelo 11 de setembro, ou defesa da “democracia”.

6 – também podemos comparar os Espartanos com os famosos Republicanos, classe política americana tão bem representada pelo nosso “amigo” Bush. Basta saber que republicanos também odeiam homossexuais, são meio fascistas, também acham que qualquer um que não concorde com eles são fracos ou corruptos, não curtem muito a democracia (citação a 300 - a HQ - “deixe a democracia para os atenienses” -), e adoram resolver as coisas na base da porrada!

7 - embora sejam vistos como império pelo resto do mundo, não podemos esquecer que os Americanos se vêem como legítimos lutadores da liberdade.

8 – Os persas são mostrados como escravos, alienados, corruptos e fanáticos... que é o ponto de vista de muita gente sobre os povos Islâmicos (principalmente a maioria dos norte-americanos).

9 – Esparta ficava no Ocidente, e Pérsia no Oriente. Os E.U.A. ficam Ocidente, e os povos Islâmicos no oriente (é, ficou meio chocho esse item, mas ainda assim é um item :P)

10 – e por ultimo: É um filme americano, feito por americanos, e onde os Espartanos falam inglês (ta certo que os Persas também falam, mas eles falam bem menos na trama).

Bem, acho que é só isso mesmo... mas é bastante coisa não? Mas antes de respondermos a derradeira pergunta do inicio do texto, vamos correr o caminho inverso...

Semelhanças entre os espartanos e os atuais povos Islâmicos


1 – O mais próximo que temos de um império como o persa hoje em dia é os E.U.A, tanto em extensão, quanto em poder.

2 – As tropas americanas (e a nação) são compostas por diversas etnias, assim como são mostradas as tropas de Xerxes.

3 – Para os Islâmicos (e para boa parte do mundo), os americanos é que são invasores.

Podemos notar que existe também uma semelhança mínima entre espartanos e os povos do Islã. Mas ela é definitivamente menor do que a semelhança com os americanos, o que elimina as chances de ser visto como “campanha contraria” (pró Islã). A boa bilheteria nas terras do “Tio Sam” também desmente isso, assim como a rejeição que ocorreu com o longa no Irã...

Conclusão

Depois de pesarmos todos esses fatores envolvidos, tá na hora da resposta... Não, 300 de Esparta não é uma propaganda de Guerra. Pode ter toda a cara de uma, e fatores que a identifiquem como sendo, mas de fato não o é. Foi criada como filme, e não passa de um filme... Um filme extremamente “milico”, mas ainda sim apenas um filme :P.
Mas ai paira outra duvida... “Mas ele serve de Propaganda de guerra?”. Quanto a isso: com certeza! O filme tem características que casam como uma luva (como mostrado acima) com tal objetivo, a ponto de que você (falo aqui com os nerds) vai ouvir muita conversa a respeito. Acredito inclusive, que ele deve aumentar o numero de alistamentos nas terras do “Tio Sam”. Mas não se esqueça de um detalhe: não é porque serve muito bem como, que foi previamente concebido para servir como. Por isso, lembre-se da lição do filosofo (cujo nome não lembro): "uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa".



Brinde exclusivo: a trágica sina do “macho” pós-moderno – uma critica a 300

Antes que leiam, saibam logo de cara que essa não é uma critica comum. Ela não vai resumir a história, ou focar todos os pontos da trama. Ela só vai se ater ao que realmente me interessa falar sobre o filme, e é bom que antes de lê-la você já o tenha visto ou lido a HQ que o inspirou, porque não to nem ai em revelar spoilers. É... era só isso :P

Como todo mundo sabe (a, tá bão... quase ninguém sabe :P) vivemos uma época que alguns teóricos chamam de pós-modernismo. Das varias características que a definem, acho que a mais relevante é a redefinição do homem (no sentido masculino) na sociedade ocidental. Por milhares de anos, vivemos com um padrão de sociedade machista e patriarcal, até que veio o século XX e mudou (quase) tudo. As mulheres tomaram lugares onde antes elas não eram permitidas, ao mesmo tempo que a automação de muitos processos que antes exigiam “força bruta” transformou o “macho” da espécie em alguém que não pode exercer mais sua “machesa” em toda sua "magnitude. Para uma melhor elucidação, assista o filme “clube da luta”, que trata do assunto.
Pra mim o filme 300 seria um resgate desse mundo outrora patriarcal. A chance, minha e da maioria da geração atual de entrar em contato com nosso “macho interior”, já que o mundo real geralmente não nos permite isso mais. Somos uma geração de “Shopping”, uma geração “criada por mulheres” (citação obrigatória a “clube da luta”), uma geração em que homens passam mais tempo no espelho que suas irmãs. Como vivemos nesse “mundo”, jogar um jogo de videogame ou assistir um filme são chances de satisfazer nossos reprimidos instintos de “machos”.
Tirando a base pela HQ de Miller, era de se esperar uma “obra prima” nesse sentido, com violência, guerra, heroísmo e sacrifício. E 300, o filme, quase chega lá. Se não fosse por duas cenas...
O problema do filme foi a relutância do filme em se assumir como legitimo exemplar de “cinema macho”. E não falo de uma versão mais literal do roteiro de Miller não! Achei até bom algumas amenizações que ocorreram no filme: os espartanos são menos cruéis (entre eles) no filme; o fato de Leônidas não ser tão “Hitler” quando dialoga com Ephialtes; a diminuição da homofobia implícita nas referencias aos atenienses; e até a relação mais “humana” Leônidas com a esposa e filho . Essas todas alterações que listei até melhoraram a história, que se fosse totalmente fiel deixaria de ser “filme de macho” pra ser filme “propaganda de guerra neo-nazista”. Na verdade, o buraco é mais embaixo...

A primeira cena que estraga o filme é a que mostra a reação do capitão que perde o filho em combate. Naquele instante, ele lamenta “nunca ter dito que amava o filho” e outras coisas do tipo... Agora a pergunta básica: o que essa cena ta fazendo ali??? Porque ela é totalmente paradoxal ao resto do longa.
Esparta era uma cidade-estado que mais parecia um quartel. Não existia lá o conceito de família atual (que é coisa de “burguês”, diga-se de passagem). Lá não havia o estimulo de nenhum sentimento a mais que o necessário para se tornar um bom soldado. E isso não é de modo algum, um problema no contexto: Esparta era assim porque precisava ser!
Como já disseram (em outras palavras, mas com mesmo sentido) Maquiavel e Sun Tzu: “aqueles que desprezam a guerra como necessidade essencial de estado, ou que a acham uma atividade torpe, devem largar de serem bestas e se mancarem de que as vezes ela é a única coisa capaz de garantir a paz”. Parece paradoxal, mas não é. É a verdade! Em um mundo cercado de potenciais inimigos como o que os espartanos viviam, uma das melhores atitudes a se tomar era formar um exercito forte. Melhor viver num lugar autoritário e rígido como Esparta do que não viver. Simples assim.
E o filme, que todo o tempo reforça essa teoria de “mal necessário” da dureza espartana, quase que desmorona com essa cena!! Se fosse o Leônidas “neo-nazista” (o da Graphic Novel) a presenciar tal cena, provavelmente o “chorão” seria espancado para parar de dar mal exemplo!!

A outra cena ocorre quase ao final do longa.
Durante todo o filme, se desenvolve uma trama paralela que tem como único propósito “enriquecer” a personagem Gorgo. Se a principio achei aquilo uma “xaropada”, ao fim acabei gostando muito do resultado final.
A história de amor entre Leônidas e Gorgo se tornou uma relação complexa e bela, onde alem de o amor que eles sentem um pelo outro, existe o amor por uma causa comum. É esse amor, o por uma causa, um ideal, que fazem ambos aceitarem de maneira estóica os sacrifícios que cada um teria que fazer.
Gorgo, de maneira nenhuma, “traiu” Leônidas, mas sim agiu de maneira totalmente condizente com o ideal que unia os dois. E ambos sacrificaram seus corpos pela mesma causa. Eu achei isso no filme tocante e maduro, alem do que se costuma esperar de um filme pipoca.
Mas quando tudo estava perfeito... Na cena em que Leônidas despacha o “Forrest Gump” de Esparta, e esse pergunta se havia algum recado para a rainha, Leônidas (numa interpretação excelente de Butler) responde “nenhum que precise ser dito”. Essa cena foi perfeita. O amor entre Leônidas e Gorgo não precisa de auxilio verbal obvio, ele já é visto e sentido nas telas. Mas Snyder faz questão de estragar aquilo que levou quase duas horas pra erguer
Em seus últimos momentos, agonizando, Snyder faz Leônidas desferir uma “declaração de amor” a sua Rainha. E isso, sinceramente, ficou patético e obvio!! O “nenhum que precise ser dito” foi jogado no ralo aqui!! Se antes a poesia consistia em “sentir” o amor entre Leônidas e Gorgo, Snyder estraga tudo não confiando em sua própria platéia, achando que era necessário “mastigar e por na boquinha” pro povão entender.
Não bastando isso, a cena diminui o impacto de sacrifício pelo “bem coletivo” que Leônidas fez, tornando o filme não tão “macho” assim. Sem querer, ele ganha o caráter individualista que é uma característica central do pós-modernismo. Fica como se aquele sacrifício todo não foi feito pela Grécia, mas pela Gorgo.
Apenas pra comparação, vou citar “Casablanca” (esse sim um filme “macho” de verdade). Na trama, o cínico Rick (Humprey Bogart) por fim deixa seu grande amor ir embora com outro em nome de um bem maior: a resistência contra os nazistas. Rick sempre foi um “bosta”, mas esse ultimo sacrifício o redime, transformando-o finalmente em um homem (no sentido do que geralmente a sociedade exigia deles). A cena de sua separação tem poucas palavras, e quando sua amada parte ele também não faz questão nenhuma de choramingar com ninguém. Ele aceita seu destino e pronto. O publico sabe que ele está sofrendo por dentro, mas por fora ele não demonstra. Ele também está em frangalhos, mas como todo “macho”, guarda isso para si, pois o mais importante é o sacrifício que fez pelo bem comum, e não seu sofrimento individual.
Sendo assim, Snyder, vitima de sua própria geração, perdeu a grande chance de realizar um legitimo “filme macho” moderno, esquecendo-se que não é apenas de violência e guerra que se realiza tal feito, mas principalmente pelo modo como os personagens devem encarar seus sacrifícios pessoais...

Por isso, unicamente por essas duas cenas, que sou obrigado a dar uma nota 8 pro filme, que de resto é perfeito na realização do que se propôs.

PS: pra quem está se perguntando se deve assistir o filme ou não depois de tudo isso, saiba que eu recomendo o longa. Como eu disse logo acima, é uma excelente história sobre heroísmo e sacrifício, e principalmente sobre POOORRAAADAAAAA!!! E quase chega a ser uma obra prima do cinema macho, se não fossem duas ceninhas de menininha...

PS2: Será que só eu acho Santoro um ator tremendamente canastrão?

PS3: o filme consegue ser mais historicamente impreciso que a HQ. Por isso, o encarem como ele realmente é: uma mentira bem contada (muito bem contada). Se quer precisão histórica, assista a BBC, e não filme de Hollywood.

PS4: eu adoro PS’s (e parênteses também).

ERRATA: A culpa da ultima cena "piegas" que mencionei não é de Sniyder, mas de Miller, já que a mesma se encontra na HQ original. Mesmo assim, mantenho minha posição de que ela ficou ruim, e creio que o diretor deveria ter "tato" pra perceber isso e exclui-la. é só.

31 comentários:

Anônimo disse...

PRIMERAAAAAUM!!!!!!!

Anônimo disse...

Ultimaum!!!!!!

Anônimo disse...

Não é a mamãe!!!

Anônimo disse...

RÁ!!!!!! Pegadimdumalam!!!!!!!

Anônimo disse...

Huhuhuhuhuhuhuhuhu......
Eu vou comerrrr a tia do bátimaAA!!!!!!!

Anônimo disse...

Meu td bem q vc realmente acredite no que escreveu ai......mas antes de criticar o filme vc deveria se atualizar sobre os estudos atuais sobre esparta .....muitas das suas criticas são infundadas...mesmo as sobre o frank miller.....se vc lesse td o trabalho dele saberia disso......ñ estou acusando seu ponto de vista...mas se vc considera seu texto cientifico..deveria ter tentado se informar mais!...abraço.

Anônimo disse...

Pare de beber essa água aí.
Está lhe fazendo mal.

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Meu caro Wesley:

quais estudos atuais sobre esparta? alias, falei muito pouco sobre a versão "real" de esparta, e bem mais da visão de Miller sobre ela. se há algo contraditório, aponte que corrigirei de bom grado.

quanto a Miller, desde o cavaleiro das trevas (sua melhor obra) ele foi definhando pra um lado cada vez mais autoritário e paranóico. Não, não li tudo dele, mas creio que li o suficiente. e não é preciso ser genio para sacar que 300 (a graphic novel) é de um nazismo escancarado.

de toda forma, obrigado por comentar. falow!

Pacha Urbano disse...

Pra ser sincero, cara, não gostei da HQ e também não gostei muito do filme. Não detestei porque tem efeitos fantásticos e tudo o mais - claro, nada que eu já não tenha visto em Senhor dos Anéis e adjacências. Aliás, o filme tem várias referências, mas, fazer o quê. E como você disse, Hollywood quer ganhar dinheiro, sendo a obra boa ou ruim. Outra vez concordo com você: 300 é um filme pra pitboy, pra esta galera de academia, macho-man, esse pessoal que acabou de se alistar no exército. Assim como a HQ é de uma homossexualidade enrustida tremenda. Reafirmação sexual através de atos exagerados de machismo é sinônimo de homossexualidade abafada. Foi um filme em que eu fiquei com pressa de que acabasse logo, que toda aquela exposição física terminasse. É um filme essencialmente fálico e superestimado. E sim, estou com você (uma vez mais) que o Rodrigo Santoro é picareta.

Lau disse...

eu gostei numto da sua análiseembora eu iscorde em alguns ponto(os quais eu aind anum parei o tmepo suficiente pra pensar e te ruma opinião.
mas de qualquer forma, depois de ler a análise eu relia hq, e venho avisar que na hq tb o leônidas fala antes d emorrer q ama a mulher(pelo menos na versão de 1998 que é a q eu li,e não na reeditada em widescreen(widepage seria mais correto), entãos e alguém pecou, não foi o diretor e sim o frank miller

Lau disse...

e mais uma coisa: vale lembrar qna hq eles não usavam tanguinhas, eram um bando de caras pelados juntinhoe pagando de macho

Arthur J. disse...

Concordo com sua ánalise, mas no final, manipulação dá dinheiro. Fazer oq?...

Anônimo disse...

Taí, bacana. Nao achei o filme la essas coisas, por causa do roteiro fraco e a HQ mais fraca ainda, mas oe efeitos, fotografia e a interpretacao de Leonidas valem o ingresso. No mais, espero q Butler pegue o papel do Comediante (Watchmen) e que Snyder continue abençoado, porque agora ele tem um roteiro pra la de decente. Abraços amigo, e continue com as analises.

P.s. As HQ Syn city de FM são muito boas pq nao se levam a sério e celebram mesmo a violencia e o sexo. Estas são histórias para os machos pós modernos... pq os brutos tb amam.

Jesus disse...

300 é apenas quadrinhos. Fazer digressões sobre homoerotismo ou qualquer outra coisa é apenas elevar uma obra de entretenimento a um nivel que não compete à obra. Assim como criticar veracidades históricas. É chover no molhado.

Resumindo: aprenda a ser critico.

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Obrigado pelos comentarios, e até mesmo pelas criticas (não espero mesmo que todo mundo concorde comigo, e nem quero isso).

tambem aviso que vou corrigir o post: realmente a culpa da ultima cena que falei é de Miller, e não de Snyder. mas acho que o diretor devia ter "tato" e te-la alterado, porque eu ainda acho que ficou ruim :P.

falow!

Anônimo disse...

Parabéns pela crítica ao filme e a graphic novel. Sou cineasta e quadrinista e aprecio muito ler críticas de gente determinbada a esmiuçar uma obra. É claro que qualquer obra cabe uma análise muito maior do que a que você fez, mas na mídia atual e principalmente na internet, se vc consegue dois paragráfos sobre alguma obra, é lucro.
Quanto as pessoas QUE criticam as Críticas dos outros ou que acusam os outros de não saber fazerem criticas, essas, provavelmente nunca tentaram escrever uma crítica na vida. Ou então eles acham que o crítico nasce pronto, que fica escrevendo sozinho em casa até ser o crítico perfeito e poder publicar alguma coisa....
Abraços e continua o bom travalho.

Unknown disse...

então....cada vez mais esparta é vista como um lugar democratico...obvio q o regime esparto tinha a premissa de q vc deveria seguir leis...e elas faziam realmente de esparta um lugar titatorial....mas ao cidadão espartano(e só esparto...tendo em vista q era uma cidade com varios escravos) a democracia ñ era negada.....atenas após as guerras medicas assumiu carater titatorial e sobrou a esparta assumir a contra partida......é no minimo anacronico a vizão de esparta como nazista.... varios traços como selecionar as crianças q viveriam e morreriam era costume grego em geral....até atenas praticava esse costume...(em esparta o costume era mais serio...só)......esparta era uma diarquia...e mesmo os reis estavam abaixo do conselho de anciões........o hq mostra isso.....e embora ñ se saiba exatamente pq esparta ñ foi com td o poderio pras termopilas,alguns afirmam q foi por aconselhamento do oraculo de delfos.......outros por achar q esparta ñ deveria abandonar a lacônia......seja isso ou ñ esparta foi exencial para q os costumes gregos como democracia etc,permanecessem ,sendo q o poderio persa tinha a seufavor o poder divino e soberano sobre o povo(algo se deixarmos de lado o anacronismo,muito mais nazista)......a lista é interminavel pra listar aqui...mas esparta tinha diversos costumes q a deixam fora de um nazismo....mesmo pq esses principios ñ existiam...e se colocados em vista de discussão,atenas mantinha tantos costumes eugenistas como esparta e as demais polis..........concordo q o filme em si tem pontos homofobicos......em esparta o relacionamento entre soldados era incentivado......e quanto a isso ñ sei o ponto de vista de miller ....mas ele aponta os horaculos, magistralmente, como leprosos (era visto como um sinal divino)corrupitos e como ele mesmo cita "de alma mais negra q o inferno".....os oraculos faziam oq queriam...e é visto q abusavam dos direitos divinos(do qual se julgavam merecedores)......sobre o miller e sua obra......ela ñ tem o cunho ditatorial......se vc leu ou ler td a serio do cavaleiro das trevas.....incluindo a continuação vai ver isso.....quanto a 300 irei reler o novel pra postar com certeza...mas algumas coisas foram resaltadas por miller no filme.....como o dever espartano,e acima de td a vontade individual de ñ se curvar a um imperio e manter a soberania espartana como um povo(algo q pode ser visto como nazista tem outra visão atual,esparta ñ quis dominar as demais cidades alem da laconia....ela investiu em seu proprio povo...e só tomou cunho titatorial com a guerra do peloponeso,q ai já era a batalha por quem manda em td mesmo...) e outros traços da obra foram tirados...para humanizar leonidas com o lance dele lutar pela mulher e o capitão chorar pelo filho(algo bem apontado por vc na critica...q tirou credito da obra).....escrevendo aqui me vem varios traços da obra q vc julga serem nazistas....quando na verdade eram costumes....e q se pegados separadamente e de novo,nos deixarmos levar pelo anacronismo,veremos q existiam em tds os povos ou pelo menos tanto na grecia quanto na persia da epoca......adito qmiller usa umavisão deturpadados persas...(afeminados..o lance com animais e bizarrises).....mas essa era a visão grega dos persas....e foi colocada assim na obra e no filme pra manter a visão dos "bonzinhos".....q em td caso,lutaram pela soberania esparta,e mantiveram um legado q até hoje em dia idolatramos,como democracias esparta e ateniense ,q diferenciavam somente em q cidadão privilegiar!!.....em td caso a obra e a visão de miller ,bem como a esparta daepoca poucotinham de nazista...e sequiser usar esse termo teriamos q dar o poder a um povo só....(esparta era um mistura de tres etnias)...ou centralizar o poder em apenas uma pessoa...(esparta era uma di arquia,q respondia aum conselho de anciões eleitos)...algo q qualquer genio consegue perceber ser bem diferente de nazismo!(alguns traços q tem no novel e são resaltados no filme!)...abraço

Unknown disse...

ah...esqueci......o culto ao corpo...e td mais, era um costume grego q em esparta tem um contexto mais forte simplesmente pq os costumes de comer o nescessario e praticar a guerra(ou seja trabalhar o corpo)...eram mais vistos.....dai o fato das espartanas serem a mais bela e a beleza espartana ser ponto de referencia.......por isso ofato de ñ existir espartanofraco tanto no filme e na hq é justificado e muitobem colocado(é eu tambem achei foda eles ñ usarem armadura de bronze...mas fazer oq né)...por isso ,o corpo e td mais vão alem de um filme de pitboy malhado.....uma visão preconceituosa por si só!!...depois coloco os livros q embasam minha colocação!....evc escreve bem....só q é um pouco preconceituoso e anacronico ...mas tem futuro! abraço!

Unknown disse...

homofóbico!?

acho que não, sendo que o cidadão espartano servia ao exercito na maior parte da vida, é consenso entre os historiadores que homosexualismo era prática comum....

Sobre o restante do post, acho que é de um ponto de vista superflúo já que nào leva em consideração que HQxCinema são mídias totalmente diferentes e devem ser transmitidas de formas diferentes.

Por exemplo o rei Xerxes, que tanto na Hq quanto no Cinema tem altura acima do rei leônidas. Figura dessa forma apenas para demonstrar sua aparente superioridade. Quem já pesquisou a história sabe que não haveria como ele ser maior que um espartano, que é produto de um desenvolvimento fisico/natural sem precedentes até hoje.

Um grande abraço

Rude.boy

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Jerri:

Obrigado pelo elogio. na verdade, minha intenção não foi fazer mesmo uma analise profunda (já ficou imensa assim), mas sim analisar se o filme é propaganda de guerra (porque geralmente marxistas assim o acham). Se bem que 300 (a HQ)merece uma monografia inteira (não pela qualidade - duvidosa, talvez o pior trabalho de Miller - mas pelos aspectos politicos).

PS: voce é o cara do "sobrinho do gladiador"? cara, que demais... eu lembro que tinha sua entrevista gravada no jô Soares, e achei o maximo. tambem sei que voce publicou uma HQ... m,uito loco!! é um prazer saber que voce leu minha micro-tese!! falow


Wesley:

Voce escreveu bastante sobre o assunto, e mostra que o conhece bem. mas como disse antes, não falei da esparta real, mas do modo como Miller a retratou. Eu não acusei Esparta de ser nazista, mas sim Miller de retrata-la assim. Ademais, o texto se propõe a falar de politica, e não de história. senão ele seria umas 3 vezes mais longo...
Se voce acha que as ideias de Miller não são conservadoras e autoritarias, deveria ler com mais cuidado suas obras, principalmente as ultimas; se te interessar, estarei transcrevendo aqui uma versão resumida sobre minha monografia ("o cavaleiro das trevas").
falow e abraço!

Luiz:

Outro erro de interpretação do meu texto: não acuso Esparta de ser homofobica (se fosse assim, eles seriam potenciais suicidas :P), apenas digo que Miller a retrata assim. Uma coisa é a história, outra coisa é a a versão de miller sobre a mesma.
Quanto aoi resto do seu coment: eu não afirmei em momento algum que o filme tinha que ser identico a HQ!! Alias, achei o filme melhor (que venham as pedras) que a mesma. sinceramente, não entendi o que voce quis dizer :P. abraço!

Anônimo disse...

Alvaro Trigo fernandes, parabéns pela visão esclarecida e crítica coerente.

Já achava 300 de esparta uma boa merda desde que li em 1999, editada pela abril. As pessoas estão tão robotizadas que nem percebem realmente do que se trata a HQ.

Vejo como uma grande inversão de valores, numa verdadeira ópera nazista. Espartanos anti-democráticos lutando pela liberdade... Que liberdade que há sem a democrascia? 300 espartanos morreram defendendo a Grécia... 300 espartanos entre 7000 gregos livres!

Tem gente que fala aqui de "estudos atuais sobre esparta". Se for estudar Grécia antiga realmente vai descobrir como esse gibi-filme é ruim.

300 de esparta é antes de tudo um texto mal caráter.

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Gabriel:

Tambem sinto que as pessoas estão "hipnotizadas" pelo filme, principalmente os "nerds". Acho que as vezes beira o fanatismo, pois ainda sou capaz de gostar das obras de Miller mesmo sabendo de seu autoritarismo. Que mal há em se ver 300 (tanto a HQ quanto o filme) com o minimo de senso critico? Não é porque voce gosta de alguma coisa que voce não pode enxergar os defeitos nela; alias, essa "cegueira" é pior, porque como toda paixão, um dia acaba...

Abraço!

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Outra coisa: notei que muita gente deve estar confundindo minha analise do "propaganda de guerra" com minha critica do filme. são duas coisas distintas, que só foram colocadas juntas por mera conveniencia.

A analise é cientifica, a critica é pessoal. sacaram a diferença?

abraços!

PS: e não é que esse bloguinho safado até que estreou bem? :P Aos que esperam visita-lo com frequencia (nem que seja pra me apedrejar), prometo pelo menos uma atualização semanal. até!

Luis Américo disse...

Olá Álvaro. Gostei da análise sobre 300.
Acho que filmes assim deveriam servir para fazer com que as pessoas pudessem ir atrás de informações e conhecer mais sobre o contexto e pelo menos ter acesso a uma outra versão dos fatos. Se é baseado em história, é importante que se conheça mais sobre como as coisas realmente eram.

Fico pensando se daqui há 300 anos, resolvem fazer um filme sobre o 11 de setembro. É bem provável que o autor seja acusado de "americanista" ou de apologia ao terrorismo.
Quem, hoje em dia seria capaz de fazer um filme ficcional e parcial ao mesmo tempo?
Michael Moore, que é documentarista, é parcial?

Enfim, é dificil -não impossível- trabalhar parcialmente com certos temsas históricos. Mas como disse, filmes assim deveriam servir como fomentadores de discussão. deveriam abrir o tema e não fechá-lo.

um abraço. voltarei mais vezes.

Luis Américo disse...

errata:
Quem, hoje em dia seria capaz de fazer um filme ficcional e imparcial ao mesmo tempo?
Michael Moore, que é documentarista, é imparcial?

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Luiz Américo:

Seu comentário foi perfeito! Espero ve-lo mais vezes aqui.

falow!

Unknown disse...

Eu havia escrito um post. Vejo que foi deletado.

Bem legal isso, o hipócrita falando de democracia e deletando a opinião do outro.

Alvaro Trigo Fernandes disse...

mamahamigo:

cara, não deletei post nenhum... deve ter sido algum problema ou coisa do tipo. Tem um monte de Post contrario a minha opinião, e eu não deletei nenhum, porque deletaria o seu? deixei até os posts "engraçadinhos" de um amigo meu, que nada acrescentam a discussão.

de toda forma, poste sua opinião de novo que ela será bem vinda. abraço!

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu texto, apesar de discordar de alguns dos seus pensamentos e muitos dos seus argumentos. Acho que é importante expressar nossas opinões e discutir, pois é assim que construimos nossos posicionamentos.
Gostaria de fazer algumas considerações sobre o que foi escrito no seu texto e nos comentários:
1. Fico impressionado como é fácil utilizar o conceito de nazismo, para criticar atitudes autoritárias ou até mesmo contrárias ao pensamento de quem escreve. Mas na realidade o nazismo é um processo histórico datado, inserido no contexto do racismo europeu que pertence a segunda metade do séc. XIX a primeira do XX. Utilizar o conceito para qualquer tempo histórico é retirar a historicidade do conceito e é anacronismo. Além de ser um instrumento ideológico perigoso.
2. É perfeitamente comum para o pensamento grego a exposição de crianças indesejadas, até mesmo as sem nenhuma deformação. Ver esse comportamento espartano, e de todo mundo grego, como eugenista é claramente um anacronismo.
3. A mensagem que o filme passa é clara pra mim: "Termópilas: a batalha que salvou a civilização ocidental"... peça ideológica clara.
4. Sobre oque o Luiz falou: realmente não existe imparcialidade nem no jornalismo nem nas ciências humanas, busca-lo é perda de tempo. O que se deve tentar perceber é o lugar social do autor (do filme, da obra de história, da matéria de jornal) e a partir daí contruir uma visão do assunto.


Quanto ao filme, o achei muito ruim. As fantasias que o Zack e o Miller criaram (rinoceronte de guerra, montros e etc.) acabam com o tom épico do filme. É como a SET disse um épico de video-game. Outro ponto no filme absurdo e totalmete fantasioso são as batahas, a todo momento os espartanos abandonam a formação da falange, que é a força da infantaria grega e a vantagem nas termópilas frente a um innimigo numericamente superior.

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Victor Gabriel:

Obrigado por apinar!

quanto ao uso do termo nazismo, note que ele aparece entre aspas no texto... tambem creio não ser uma referencia anacronica, pois não julgo os espartanos como tal, mas sim a visão de Miller sobre os espartanos como "nazista" (olha as aspas ai de novo).

tambem creio que não dei juiz de valor sobre nenhum conceito da grécia antiga (eugenia). como eu mesmo explicitei: "A questão aqui não é comparar a HQ de Miller com a história verdadeira, ou mesmo com a versão de Herótodo sobre a mesma (também um tanto exagerada). O interessante é explicar a os conceitos da HQ sobre as próprias visões autoritárias de Miller. Em suma, o porque dos espartanos ser o que são na HQ."

bem, é isso... abraço e obrigado pela visita!!

Anônimo disse...

Pois pra mim a pior cena foi ver aquele velho podre lamber a gatinha e saber que um Rei tinha que se submeter àqueles podres corruptos.