terça-feira, 24 de abril de 2007

Post Fast-food: analises relâmpago de reportagens do Fantástico!!



Neste domingo, na falta de algo melhor para fazer (depois de ter tomado o sagrado sorvete semanal com a patroa :P), acabei assistindo boa parte do programa global “Fantástico”. Esse post é uma analise rápida de algumas reportagens mostradas.


Vizinhos

Eu nunca li Sartre. Tentei uma vez entende-lo de maneira razoável em um livro da série “filósofos em 90 minutos”, mas o resultado foi pífio. Mas mesmo assim, graças a uma única frase atribuída a ele (do qual nem sei o contexto :P), me considero fã do cara. Qual frase? Esta: “o inferno são os outros”.
Essa frase vale mais do que muito livro inteiro. Eu “vejo” ela acontecer a todo instante a minha volta: em fórums na internet, em comunidades do Orkut, nos ambientes públicos, na relação entre vizinhos... em todos esses lugares e situações (e em muitas outras, dos quais não cito para não me estender muito), fica obvia como a tolerância humana com seu semelhante é pequena – e também fica bem claro como o respeito ao “outro” geralmente é nula.

A matéria do fantástico, ao mostrar a convivência dentro de um condomínio de prédios (e os conflitos decorrentes dela), foi extremamente feliz em sua abordagem. A reportagem conseguiu mostrar uma imensa gama de “Joselitos” (criadores de cachorros mal-educados, barulhentos sem-noção, e até mesmo os “atiradores de lixo pela janela”). Disso tudo, o mais “engraçado” foi o fato de nenhum deles se enxergar como “culpados” ( o inferno, claro, é sempre os “outros”). Nenhum deles pareceu se colocar no lugar do “outro”, olhando apenas seus problemas individuais. O mais grave nisso tudo, é que era extremamente fácil resolver os problemas com o mínimo de bom senso (como transportar os cachorros pelo elevador de serviço, usar fones de ouvido ou ser minimamente higiênico). Eram problemas que um pouco de “empatia” resolvia.

Existe um fator ainda mais interessante para notar: o individualismo de todos acabava por prejudicar a todos!! Como numa versão moderna do “estado de natureza Hobbesiano”, acredito firmemente que esse quadro tornava a vida da absoluta maioria bem mais difícil (o criador de cachorro provavelmente vai “receber” lixo na janela, os barulhentos serão atacados por cachorros no elevador, e os “lixeiros” provavelmente vão sofrer com a baderna dos “barulhentos”).
Será que um dia esses panacas acabarão por perceber isso (que todos saem prejudicados com a “falta de noção” individualista)? Ou continuarão com sua eterna guerra de picuinhas? Minha experiência empírica diz que esse quadro dificilmente muda, mas ainda tenho uma fagulha de esperança na humanidade (minúscula, mas tenho)... Só espero que aqueles otários resolvam seus problemas sozinhos logo – antes de um sindico absolutista tome o poder e acabe com a regalia de todos...


Auto-Hemoterapia

O fantástico também mostrou uma boa reportagem sobre um fenômeno de fraude medica conhecido como “Auto-Hemoterapia”.
Achei muito boa a iniciativa de alertar a população sobre essa prática fraudulenta. Só que ainda assim, creio que a reportagem poderia se estender mais.

Será que ninguém mais (além de mim) consegue enxergar que parte da culpa desse fenômeno é resultado da péssima situação em que se encontra a saúde publica brasileira? Ou simplesmente não tiveram coragem de abordar isso na reportagem?

Tais praticas fraudulentas costumam surgir no vácuo do Estado. Exemplo? Em determinado momento da reportagem, uma mulher entrevistada (usuária do método) diz algo como “eles conversam com a gente”. A frase da Mulher resume toda a questão.
Em um sistema de saúde sucateado como o SUS, onde a demanda por tratamentos supera absurdamente a capacidade do Estado em fornecê-los, o evento mais comum é um paciente ser tratado como “coisa”. A “coisa” fica horas na fila. A “coisa” é mal atendida por um medico que mal olha e conversa com ela (e não é culpa do “individuo” medico, já que provavelmente ele atende mais casos do que a capacidade humana dele permitiria). A “coisa” é encaminhada para uma outra fila para ter acesso ao tratamento. A “coisa” é novamente mal atendida. A “coisa” recebe o tratamento errado, insuficiente, ou não o recebe. A “coisa” começa a se cansar de ser vista como “coisa”...
Pois bem, agora imagine finalmente a “coisa” sendo atendida como “pessoa”... imagine ela não ter que passar por imensas filas, ser bem atendida e ouvida e ainda de quebra receber a promessa de uma “cura milagrosa”. É obvio que entre o SUS e o medico charlatão ela vai ficar com o ultimo (que por bem ou mal, a tratou como gente).

E esse não é um fenômeno isolado. Existem em profusão sintomas da falência do Estado em cumprir suas obrigações. Um dos exemplos mais óbvios é referente ao crescimento das igrejas evangélicas neo-pentecostais em áreas de intensa pobreza (onde o vácuo do estado é quase absoluto). Muita gente “branquinha e rica” fica se perguntando como “pobre” acredita mesmo que um pastor vai tirar o “capeta” do corpo dele (e com isso, seus outros problemas). A resposta é simples: ele não tem muita alternativa!! Depois de sofrer todo o processo “coisificante” do Estado, a mínima fagulha de esperança é encarada como um “sol”. A culpa não é do “pobre” por ser burro, mas do estado por ser incompetente (o “pobre” pode até ser burro, mas será que isso não tem nada a ver com péssima situação do ensino publico?).

Assim sendo, acredito que enquanto a política do estado se focar unicamente em “combater os charlatões”, e não olhar para o próprio rabo, o problema só tende a agravar-se... Os charlatões agradecem.


Igreja Católica

Somente para finalizar, estou notando o recomeço de namoro entre a “rede globo” e a “igreja católica”... vou continuar analisando os “sintomas”, mas acho que vou ter assunto para um mega-post em breve.


PS: ainda nesta semana, analise “sociológica-nerd” sobre o massacre ocorrido na universidade americana. Não percam!


domingo, 22 de abril de 2007

Hannibal Rising e outras tranqueiras...

E ai leitores do Blog (cerca de 3 ou 4 pessoas :P)? Essa semana não foi possível postar nada interessante, devido a falta de tempo (e inspiração) para finalizar alguns textos. Dessa forma, apenas pra não deixar o blog "no vácuo" (e para atrair alguns leitores esporádicos que cairão aqui por engano - hehehe), aproveito o lançamento do tosquissimo novo filme do personagem Hannibal (que eu não vi, mas com certeza deve ser uma m%#*@) para republicar um tosquissimo Cartum meu.

Fiquem agora com as terríveis revelações sobre a juventude do mais temido psicopata dos cinemas!!!





sexta-feira, 13 de abril de 2007

Será que a Microsoft se beneficia com a pirataria de seus produtos?


Todos nós sabemos que mesmo quando não provoca prejuízos diretos, a pratica da “pirataria” ao menos deixa de dar lucro as empresas. É um raciocínio bem obvio de se fazer. O que talvez nunca se imaginou (até agora) é que as vezes ela sirva pra dar lucro...
A principio minha ultima frase acima parece absurda ( e talvez seja), mas quando acabar de ler esse texto talvez você não a ache tão absurda assim... para isso, vou guiar vocês no tortuoso caminho que me fez chegar a conclusão de que a Microsoft provavelmente lucra com a pirataria de seus produtos...

Não sei precisar exatamente o momento exato do meu “insight”, mas ele tem relação direta com as propagandas recentemente veiculadas em revistas (não sei todas as revistas em que apareceram, mas me lembro de “Veja” e “Super Interessante”). Em tais propagandas, apareciam varias empresas (“Sucos del Valle”, por exemplo) que trocaram seu sistema operacional Linux por Windows. O argumento usado na propaganda é o de “confiabilidade” e outras tonteiras do tipo.
Agora vamos pesar alguns fatores: os produtos Microsoft são um dos mais pirateados do mundo, e com certeza os mais pirateados da área de informática. Não possuo dados (quem puder me passar, agradeço) mas creio que deva existir no mínimo o triplo de Windows piratas a cada original. O mesmo vale para seus outros produtos, como a plataforma Office.
O Windows se tornou quase sinônimo de sistema operacional, a ponto de muita gente ignorar que existem outros. Pra maioria do “povão” (aqui incluo ricos e pobres) computador só é computador com Windows. É aqui que notamos um efeito colateral da pirataria entre usuários domésticos: ela transforma a Microsoft em um padrão quase universal!!
Agora imagine o seguinte quadro: você é dono de uma Mega-Empresa de “sabe-lá-o-quê”, e como quer gastar menos, resolve implantar o Linux (ou outro sistema) como padrão dos seus PC’s. Você pensa que está fazendo um ótimo negócio, afinal, os produtos Microsoft são caríssimos de se adquirir e manter. Beleza... só que começam a surgir outros problemas: 1 - a maioria dos seus empregados nunca viu aquilo na vida dele, e não sabem como lidar (Você provavelmente vai ter que dar treinamento a eles, e isso –obvio – vai custar tempo e dinheiro); 2 – A inexperiência dos funcionários com o novo sistema acabará causando muitos equívocos e atrasos, diminuindo a produtividade da empresa (por melhor que tenha sido o treinamento que receberam, não se esqueça de que eles estão acostumados com Windows, e estar acostumado com algo é sempre mais forte do que ser treinado em algo); 3 – A facilidade “plug&play” do Windows acostumou mal eles, que reclamam a toda hora da falta de praticidade do novo sistema operacional; 4 – a falta de experiência no novo sistema acaba provocando “cagadas” que forçam a constante presença de manutenção técnica; 5 – não consegui pensar em mais nada, mas provavelmente existem mais coisas (aceito sugestões) :P
Observe também o seguinte aspecto: como o Windows é utilizado pela maioria absoluta de usuários de PC’s, as empresas que desenvolvem softwares diversos (gráficos, administrativos, etc) costumam dar prioridade a plataforma Windows!! Assim, muitas vezes pelo simples fato de que uma empresa precisa de Windows pra rodar programas essenciais para seu bom funcionamento, ela se vê forçada a adota-lo como plataforma padrão.
Partindo do mesmo raciocínio do parágrafo anterior, imagine o seguinte quadro: você tem uma empresa de software. Como todos bem sabem, toda empresa busca lucrar o máximo possível. Assim sendo, seus investimentos serão destinados na produção de softwares que atendam a maioria dos usuários... e como a maioria absoluta usa Windows, você provavelmente vai investir na criação de produtos para esses usuarios... E bingo!!! Você alimenta indiretamente o “circulo”!!
Agora vamos analisar outra coisa interessante: Geralmente quem usa um produto pirata nunca iria adquirir um original. São pessoas ou “sem dinheiro” ou "sem interesse" em ter um original. Se algo dificultasse muito a compra de produtos piratas, essas pessoas continuariam sem dar lucro a ninguém, pois provavelmente não comprariam os originais. Assim, o combate a pirataria entre usuarios domésticos ia gerar mais ônus do que bônus, sendo bem pouco compensatório para a Microsoft. Nota: não conta aqui a famosa estrelinha do XP, que enche o saco, mas é bem pouco efetiva no combate a pirataria.
Assim sendo, o lucro que a Microsoft deixa de obter com os usuários piratas, é compensado pelo fato da pirataria transformar a plataforma em padrão (doméstico e empresarial)!! E o fato de ser “padrão” anula as tentativas de qualquer outro desenvolvedor se estabelecer no mercado. O fato de ser “padrão” faz com que a maioria (mesmo sem querer) tenha que se submeter ao “monopólio” da Microsoft. Em suma, o fato de ser padrão mantém a Microsoft no topo! E a conclusão obvia que se tira disso, é que possivelmente, ao invez de dar "prejú", a pirataria só ajuda o monopolio do "Tio Bill" a se manter quase absoluto...

E assim, por linhas tortas - mas bem escritas - a Microsoft mantém sua “linda” hegemonia no mundo dos softwares. E, ao que tudo indica, vai continuar sendo assim por um bom tempo...

PS1: Isso não é uma “teoria da conspiração”. Não to dizendo que a Microsoft propositalmente incentiva a pirataria de seus produtos. Estou apenas apontando um provável efeito colateral benéfico à empresa.

PS2: Também não to afirmando uma verdade absoluta. Isso é apenas uma especulação. Mas quem quiser contribuir com dados pra torná-la mais cientifica, será bem vindo.

PS3: digitei isso no Word... Pode ser coincidencia, mas ele me mandava escrever "Microsoft" e "Windows" em maiúsculo e me dizia que "Linux" não existia como palavra :P

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Videos: História do Brasil - Boris Fausto



Esse Post é para aqueles que se interessam por história do Brasil. Quando eu ainda estava na “facul”, uma das maneiras que eu encontrava pra ganhar uns trocos era a venda de CD-ROM's pro pessoal do meu curso, geralmente a compilação de material didático, livros digitalizados e outros "breguetes" variados. Uma das ultimas coisas que acabei lançando foi um CD com a série “História do Brasil de Boris Fausto”.
A série foi produzida pelo canal TV Escola de maneira bastante competente, e está dividida em 7 partes que abrangem desde o "descobrimento" até a "redemocratização". Cada episodio tem a duração aproximada de 30 minutos, e é narrada e apresentada pelo próprio Boris Fausto - e sua coleção de camisetas pólo O_o
Como sou um cara legal (mamãe é que diz :P), resolvi compartilhar os vídeos com vocês:


Versão “Oficial”


versão disponibilizada pelo próprio governo, com boa qualidade de som e imagem, porem, um pouco “pesada” de se baixar. Nota: no link, tem mais vídeos interessantes para quem quiser baixar.






Versão 3gp


Versão convertida por mim para celulares. Tem a vantagem de serem pequenos (consequentemente, mais rápidos de se baixar), podendo ser visualizados também em PC’s desde que este possua “player” compatível com a extensão. Nota: Pra quem acha melhor baixar esse, mas tem um PC, recomendo o K-Lite Mega Codec Pack, que abre esse muitos outros formatos de vídeo.


Pasta do 4shared




Links Multiupload:



sábado, 7 de abril de 2007

Humor: Enlouquecendo sua psicóloga



A idéia para esse manual surgiu de modo inocente. Um amigo meu, vitima das perturbações da vida moderna, estava freqüentando uma psicóloga. Ao saber disso, sugeri que ele dissesse a ela o texto do Cartum acima, ao qual havia bolado há pouco tempo.Ele adorou a idéia, e fez o que sugeri. Mas a idiota da psicóloga não entendeu como uma simples piada, entendeu como uma provocação, e deu uma longa resposta para o meu amigo dizendo “todo mundo tem dois lados, um lado bom, e um lado ruim,um lado saudável, e um lado doente...”(ela disse mais coisas, mas não prestei muita atenção – não tenho paciência para narrativas muito extensas) , e o recado principal, que ela não havia gostado, estava dado. Eu pedi que meu amigo respondesse a ela (com: “meu amigo mandou dizer que o lado bom dele pede as mais sinceras desculpas por sem querer ter feito uma provocação à senhora, já o lado ruim te mandou a merda...”), mas acho - por motivos óbvios - que ele acabou não respondendo.

Foi ai que cheguei a esta idéia: os psicólogos, psicoterapeutas, psicanalistas, (e todos esses caras com “psi” no começo), faturam uma nota preta para julgar as nossas atitudes e nos dizer o que fazer da vida (isso minha Mãe já faz de graça pra mim :P), e, partindo-se do principio que aqueles que freqüentam os mesmos são uma classe oprimida, criei este magnífico manual para que - finalmente - a vingança (!Viva la revolution!) se realize! Com vocês o ...


Manual pratico de como enlouquecer sua Psicóloga(o)


■ Chegue atrasado a seção, todo sujo de terra, e com algumas manchas vermelhas na camisa e diga: “ Desculpe o atraso, é que eu estava acabando de enterrar o corpo da minha namorada” ou “Desculpe o atraso, é que eu estava combatendo os marcianos”


■ Quando ela estiver te falando algo, interrompa bruscamente colocando as duas mãos na cabeça e dizendo “Silencio!! As vozes na minha cabeça estão me dizendo alguma coisa...”


■ Chegue na seção fingindo-se de mau humor e Xingando tudo e todos, quando ela finalmente te dizer que você “precisa aprender a controlar seu comportamento anti-social ” (ou alguma coisa parecida), responda “não vai ser uma piranha vadia que nem você (ou "uma bicha enrustida que nem você" ) que vai me dizer o que eu devo fazer da minha vida”, após dizer isso levante-se bruscamente e saia batendo a porta.


■ Se ela disser que você tem tendências homossexuais, responda: (se ele(a) for do mesmo sexo) “é verdade doutor(a), na verdade essas seções eram a penas uma desculpa para me aproximar de você, pois desde a primeira vez que te vi me apaixonei...” ou (se for do sexo oposto) “é verdade doutor(a), só comecei a vir aqui para tentar me aproximar de você, eu e sua(seu) filha(o) estamos namorando...” (se ele não tiver filha diga que esta saindo com a irmã, a namorada, a esposa, a mãe, sei lá... vale tudo)


■ Chegue no consultório, olhe para uma foto que pareça ser da família do psicólogo (não importa quem esteja na foto –vale até o cachorro ou o gato), pergunte quem é, após ouvir a resposta pronuncie “Uau!! Que tesão, heim!!!”

■ Vá a sessão com alguma camiseta com símbolo de super herói abaixo de sua roupa comum e anuncie: “não posso demorar muito hoje, estou com o sono atrasado e a noite eu tenho que combater o crime...”


■ Se ele disser que você tem um comportamento infantil, comece a bater o pé e a negar, depois faça um berreiro e saia correndo do consultório.


■ Faça um longo monologo (em tom choroso) descrevendo como foi traumático ver a mãe do Bambi morrer ou como você ficou triste quando seu pai jogou fora por engano sua coleção de figurinhas de futebol.


■ Diga que se recusa falar qualquer coisa dentro do consultório enquanto o espírito da princesa Diana, do Elvis e aquela velha esquisita segurando a própria cabeça não saírem de lá.


■ Diga que demorou porque foi abduzido por extraterrestres na noite passada, e não conseguiu acordar no horário hoje porque ainda não se acostumou com o chip que eles implantaram no seu cérebro.


■ Diga que ela o está o deixando nervoso, após isso faça uma imitação do incrível Hulk e comece a quebrar tudo.


■ Se ela tiver um aquário na sala de espera, dê sumiço em alguns peixes. Pouco antes de abandonar o consultório diga “o aperitivo na mesa ficaria bem melhor se você deixasse um vidro de Shoyu pra gente poder temperar”.


■ Diga que veio do futuro com a missão de destruir as maquinas antes que elas dominem a terra, após dizer isso ataque ferozmente qualquer objeto eletrônico a vista.


■ Se ela(e) te perguntar quem a indicou responda: “O espírito do seu tataravô me visitou ontem e pediu para eu vê-la” ou “foram os duendes imaginários da minha cabeça que indicaram você”.


■ Diga que só aceita entrar na seção se seu cachorro imaginário puder entrar junto.


■ Leve um amigo seu amarrado a uma coleira, e quando ela disser “ah...já sei!ele pensa que é um cachorro!” você responde “mas é claro que ele é um cachorro!!.Que tipo de veterinária é você?!!”.


OBS: As ações descritas aqui não foram feitas para serem seguidas, tendo um caráter apenas satírico. Avisamos que a pratica das mesmas podem resultar em morte, fraturas, perda de namorada e amigos, prisão, ou ainda pior: no devido encaminhamento a um psiquiatra!!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

300: Propaganda de Guerra?


Estreou dia 30 de março, em circuito nacional o filme “300”, que narra uma versão da famosa batalha das Termópilas (onde pouco mais de alguns milhares de gregos peitaram algumas centenas de milhares de persas). Antes mesmo de “desembarcar” em terras brasileiras, o filme enfrenta algumas polemicas: em fóruns na internet e em comunidades do Orkut, se discute se ele seria na verdade “propaganda de Guerra” (ou ideológica, no contexto marxista) do nosso velho “Tio Sam”; ou uma simples peça de entretenimento. Este texto é a tentativa de sinalizar uma resposta satisfatória.

O Autor

Como o trailer anuncia logo no inicio, estamos diante de uma adaptação de historia em quadrinhos. É importante salientar que é baseada em um arco fechado (Uma mini-série com começo, meio, fim), não em um personagem estilo “pop”, como seria por exemplo, o Homem-Aranha. O trailer também nos revela que o autor da mesma é Frank Miller.
Para aqueles que não conhecem ao fundo o mundo das HQ’s, é importante salientar que Miller foi um dos maiores autores da chamada “nona arte”, sendo um dos responsáveis pelo destaque que a mídia recebeu na década de 1980. Dentre as obras primas de Miller, está uma história estrelada pelo Batman, cujo nome é “Batman - o Cavaleiro das Trevas”.
Embora para a maioria dos aficionados por HQ’s, “O Cavaleiro das Trevas” seja apenas uma das melhores histórias publicada em tal mídia, de fato ela é muito mais. Numa obra extremamente política, Miller cria um retrato bastante autoritário para o Morcego, ao mesmo tempo que o dota de um tipo de heroísmo revolucionário que nunca foi uma característica de Batman.
Outro fato interessante (baseada numa interpretação minha, mas fácil de se comprovar), é como Batman “transformou” Miller. Se antes de “O Cavaleiro das Trevas” Miller possuía uma visão mais liberal (vide suas histórias no Demolidor), depois de escrever seu épico envolvendo o Batman, centrou sua visão em um foco mais autoritário...

300: a história em quadrinhos

Em 1998, agora trabalhando para a editora Dark Horse, Miller resolve investir em uma versão própria sobre os eventos envolvendo Leônidas e sua Trupe de Espartanos. Tomando inúmeras liberdades criativas (300 pode ser qualquer coisa, mas é uma “qualquer coisa” bastante autoral), Miller coloca a mão na Massa.
Ao meu ver, o Leônidas de Miller nada mais é do que uma outra versão do Batman apresentado em “Cavaleiro das Trevas”. E Esparta seria uma nação povoada por inúmeros “Batman’s”. Todas as características que Miller inseriu no Batman de sua mini-série aparecem também aqui, seja a capacidade extraordinária de combate ou até mesmo as qualidades de liderança.
Mas aqui nos defrontamos com uma pista importante: por mais autoritária que seja a visão política de Miller, ele escreveu “300” bem antes do inicio da guerra do Iraque, do 11 de Setembro, e do choque derradeiro entre E.U.A. e as republicas Islâmicas. Já podemos eliminar a tese de que a HQ foi escrita como “ideologia”.

300: a realização do filme

Agora os paranóicos mais afobados devem estar pensando: “tá, a HQ é de 1998, mas o filme foi feito agora... será que ai não tem coisa?”. Bem vamos analisar isso também!
Embora marxistas gostem de acreditar na mídia como ferramenta ideológica de classes dominantes, reforçadora do status quo e blá blá blá, é obvio que não é bem assim. O que levou 300 a ser adaptado para o cinema foi a junção de fatores bem triviais...
Primeiro foi o sucesso alcançado pelo filme “Madrugada dos Mortos”, de 2004. Apesar de ser uma refilmagem (gênero que está em moda atualmente em Hollywood), o filme alcançou bom sucesso de critica (coisa rara em refilmagem...), publico e bilheteria. O diretor também mostrou ter talento para criar cenas impressionantes, alem de não precisar de muito dinheiro para produzir um longa decente.Assim sendo, o nome Zack Snyder (o diretor) encheu os olhos dos produtores de Hollywood, doidos para faturar mais verdinhas...
O segundo fator, foi o sucesso alcançado pelo filme “Sin City” (2005). “Sin City” foi uma adaptação literal de algumas histórias da serie de mesmo nome escrita por... Frank Miller!! Embora ninguém levasse muita fé no filme (que foi inovador em vários sentidos), ele alcançou relativo sucesso de bilheteria e impressionante sucesso de critica. Isso fez com que o nome de Miller passasse a ser bastante visado em Hollywood (Miller até conseguiu um filme pra dirigir sozinho, a adaptação de “The Spirit”)
Pronto: você tem um diretor competente em alta, um quadrinista (que já foi muito) competente também, e produtores safados querendo lucrar. Agora você bate tudo no liquidificador e surge a adaptação de 300.
Mas então... não teria nada a ver a guerra do Iraque com 300? Não. Pelo menos na decisão de adaptá-lo. Mas existe um fator interessante a se considerar... A atual onda de adaptações de HQ (bem como a alta que tal mídia alcançou recentemente) tem muito a ver com o clima americano pós 11 de setembro. Desse modo, 300 pode ser considerado um filho indireto da guerra Ocidente vs. Oriente (mas não um filhote direto e programado).

A trama na versão de Miller

O filme é uma adaptação quase literal dos Quadrinhos de Miller, com a diferença de que o filme acrescenta algumas cenas, e modifica alguns detalhes (acho que o mais perceptível pelos trailers é uma “humanização” do personagem Leônidas, e um aumento de relevância na trama de sua esposa, Gorgo). Mais pra frente iremos falar a respeito da versão em celuloide...Aqui vamos analisar a visão de Miller sobre a batalha das Termópilas, narrada em sua Graphic Novel.
A questão aqui não é comparar a HQ de Miller com a história verdadeira, ou mesmo com a versão de Herótodo sobre a mesma (também um tanto exagerada). O interessante é explicar a os conceitos da HQ sobre as próprias visões autoritárias de Miller. Em suma, o porque dos espartanos ser o que são na HQ.
O primeiro fato interessante, é que Miller transformou os Espartanos em “machos”. Os Espartanos, como todo bom grego, via como relação ideal o amor entre dois (ou mais :P) homens. Não obstante isso, ele transformou todos os demais gregos em “florzinhas”, como os “pederastas Atenienses”.
Miller também colocou os Espartanos lutando de “sunguinha”... Parece bobo, mas isso é essencial. Na verdadeira batalha, uma das vantagens que os Espartanos possuíam sobre os persas era o uso de armaduras de Bronze. Miller sabia disso (pois pesquisou imagens de referencia), mas ainda assim fez dos espartanos os “nudistas” da Idade Antiga. Ai vem a pergunta: Porque? Ora, muito simples, para aumentar ainda mais a macheza deles!! Os Espartanos, guerreiros imbatíveis, confiariam tanto em suas habilidades que não precisavam nem de armadura para lutar. Foi uma maneira de aumentar ainda mais a mítica sobre a coragem e destreza espartana.
Esparta era uma nação autoritária, onde o que prevalecia era a lei do mais forte. Os espartanos inspecionavam os recém-nascidos para ver se eles tinham alguma deficiência, e se eles tivessem, eram mortos. Não se admitiam “elos fracos” na sociedade Espartana. Embora Miller tenha alterado a “viadeza” dos Espartanos, ele manteve esse traço eugenista deles. Não bastando isso, ele coloca Ephialtes (o traidor de Leônidas e dos Gregos) como sendo um “deformado” Espartano, que conseguiu escapar do cruel destino reservado a eles na autoritária sociedade de Leônidas ...
A maneira como Miller retrata os Persas também é muito importante. Ele não se preocupa em atualizar os números para o consenso atual (de uma a três centenas de milhares), fazendo os Espartanos peitarem nada menos que um milhão de Persas (ainda assim ele não exagerou tanto como Herótodo, que colocou um numero três vezes maior :P)!! Miller também pinta os Persas como corruptos, alem de dar um jeitão todo efeminado ao imperador Xerxes...
Apenas pra encerrar o tópico: é fácil perceber que todos na trama que se opõem a Esparta ou são corruptos (o Oráculo), “viados”, covardes, fracos, ou a misturade mais de um desses fatores. E embora seja obvio, vale ressaltar que a trama é fascista, autoritária, parcial, homofóbica e eugênica. Mas é estupidez pensar que a trama não tenha também suas qualidades, e até mesmo um lado “poético”: é um ótimo épico, uma história de coragem e sacrifício, e um legitimo “produto pra macho”, do tipo em que se fica com vontade de socar alguém e de coçar o saco depois :P.

A trama na versão do filme

O filme, embora também glorifique o estilo de vida militar, não chega ao grau de “fascismo” contido na obra original de Miller. Embora ainda seja uma história potencialmente exagerada, maniqueísta, e cheia de erros históricos (eu disse cheia? acho que “entupida” seria um termo melhor :P); no cinema a história ganhou uma relevante “humanizada”.
Um ou outro discurso parecerão uma tremenda propaganda de guerra anti-Islã (principalmente o final), mas é bom lembrar que eles já existiam na HQ original, com pequenas mudanças. Mas o filme é muito menos reacionário do que poderia ter sido, já que não chega a ser homofóbico (apenas uma referencia aos pederastas atenienses) e nem a glorificar a crueldade interna de Esparta (como ocorre nas HQs), passando longe do nivel de "nazismo" que existe na HQ.

Semelhanças dos americanos com os Espartanos

Não é porque um filme não foi concebido como propaganda de guerra que ele não possa servir como tal. Nesse aspecto, vamos analisar semelhanças entre os espartanos e os americanos.
Para isso é preciso se levar em conta: 1- o modo como os americanos vêem a si próprios; e 2 - o contexto da trama em comparação com a campanha no Iraque. Assim sendo, vamos contar os pontinhos...

1 - Tanto os Espartanos quanto os Americanos podem ser considerados os melhores guerreiros de seu tempo. E ambos também possuem uma sociedade extremamente voltadas para questões bélicas.

2 - Embora os EUA sejam uma nação muito maior que o Iraque, é um tanto obvio que eles estão em menor numero dentro do país inimigo. Existem também inúmeras nações que “querem o couro” deles, principalmente no Oriente médio, sendo valida também a comparação entre a frase na trama: “100 nações cairão sobre vocês”. Sendo assim, no contexto da guerra, os americanos são uma minoria contra uma maioria.

3 – Tanto os E.U.A. quanto Esparta selecionavam “vencedores” e denegriam “perdedores”. Ambas as nações legitimam a lei do mais forte, mas nos E.U.A. você é humilhado durante a sua vida (principalmente no colégio), ao invés de te matarem quando nasce :P

4 – Os Persas são antepassados dos atuais habitantes do Irã, bem como indiretamente de vários outros povos da região. Se adaptarmos o fato de que pra maioria das pessoas “tudo aqueli povo lá é igual”(sic), os persas podem servir de metáfora para qualquer povo árabe ou praticante da religião maometana. Só para constar, o Irã se manifestou contra o filme, acusando-o de ofender sua memória.

5 – Embora para boa parte do mundo os “vilões invasores” são os americanos, não é assim que eles próprios se enxergam. Certos ou não, os americanos encaram sua campanha islã adentro como mera autodefesa, justa retaliação pelo 11 de setembro, ou defesa da “democracia”.

6 – também podemos comparar os Espartanos com os famosos Republicanos, classe política americana tão bem representada pelo nosso “amigo” Bush. Basta saber que republicanos também odeiam homossexuais, são meio fascistas, também acham que qualquer um que não concorde com eles são fracos ou corruptos, não curtem muito a democracia (citação a 300 - a HQ - “deixe a democracia para os atenienses” -), e adoram resolver as coisas na base da porrada!

7 - embora sejam vistos como império pelo resto do mundo, não podemos esquecer que os Americanos se vêem como legítimos lutadores da liberdade.

8 – Os persas são mostrados como escravos, alienados, corruptos e fanáticos... que é o ponto de vista de muita gente sobre os povos Islâmicos (principalmente a maioria dos norte-americanos).

9 – Esparta ficava no Ocidente, e Pérsia no Oriente. Os E.U.A. ficam Ocidente, e os povos Islâmicos no oriente (é, ficou meio chocho esse item, mas ainda assim é um item :P)

10 – e por ultimo: É um filme americano, feito por americanos, e onde os Espartanos falam inglês (ta certo que os Persas também falam, mas eles falam bem menos na trama).

Bem, acho que é só isso mesmo... mas é bastante coisa não? Mas antes de respondermos a derradeira pergunta do inicio do texto, vamos correr o caminho inverso...

Semelhanças entre os espartanos e os atuais povos Islâmicos


1 – O mais próximo que temos de um império como o persa hoje em dia é os E.U.A, tanto em extensão, quanto em poder.

2 – As tropas americanas (e a nação) são compostas por diversas etnias, assim como são mostradas as tropas de Xerxes.

3 – Para os Islâmicos (e para boa parte do mundo), os americanos é que são invasores.

Podemos notar que existe também uma semelhança mínima entre espartanos e os povos do Islã. Mas ela é definitivamente menor do que a semelhança com os americanos, o que elimina as chances de ser visto como “campanha contraria” (pró Islã). A boa bilheteria nas terras do “Tio Sam” também desmente isso, assim como a rejeição que ocorreu com o longa no Irã...

Conclusão

Depois de pesarmos todos esses fatores envolvidos, tá na hora da resposta... Não, 300 de Esparta não é uma propaganda de Guerra. Pode ter toda a cara de uma, e fatores que a identifiquem como sendo, mas de fato não o é. Foi criada como filme, e não passa de um filme... Um filme extremamente “milico”, mas ainda sim apenas um filme :P.
Mas ai paira outra duvida... “Mas ele serve de Propaganda de guerra?”. Quanto a isso: com certeza! O filme tem características que casam como uma luva (como mostrado acima) com tal objetivo, a ponto de que você (falo aqui com os nerds) vai ouvir muita conversa a respeito. Acredito inclusive, que ele deve aumentar o numero de alistamentos nas terras do “Tio Sam”. Mas não se esqueça de um detalhe: não é porque serve muito bem como, que foi previamente concebido para servir como. Por isso, lembre-se da lição do filosofo (cujo nome não lembro): "uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa".



Brinde exclusivo: a trágica sina do “macho” pós-moderno – uma critica a 300

Antes que leiam, saibam logo de cara que essa não é uma critica comum. Ela não vai resumir a história, ou focar todos os pontos da trama. Ela só vai se ater ao que realmente me interessa falar sobre o filme, e é bom que antes de lê-la você já o tenha visto ou lido a HQ que o inspirou, porque não to nem ai em revelar spoilers. É... era só isso :P

Como todo mundo sabe (a, tá bão... quase ninguém sabe :P) vivemos uma época que alguns teóricos chamam de pós-modernismo. Das varias características que a definem, acho que a mais relevante é a redefinição do homem (no sentido masculino) na sociedade ocidental. Por milhares de anos, vivemos com um padrão de sociedade machista e patriarcal, até que veio o século XX e mudou (quase) tudo. As mulheres tomaram lugares onde antes elas não eram permitidas, ao mesmo tempo que a automação de muitos processos que antes exigiam “força bruta” transformou o “macho” da espécie em alguém que não pode exercer mais sua “machesa” em toda sua "magnitude. Para uma melhor elucidação, assista o filme “clube da luta”, que trata do assunto.
Pra mim o filme 300 seria um resgate desse mundo outrora patriarcal. A chance, minha e da maioria da geração atual de entrar em contato com nosso “macho interior”, já que o mundo real geralmente não nos permite isso mais. Somos uma geração de “Shopping”, uma geração “criada por mulheres” (citação obrigatória a “clube da luta”), uma geração em que homens passam mais tempo no espelho que suas irmãs. Como vivemos nesse “mundo”, jogar um jogo de videogame ou assistir um filme são chances de satisfazer nossos reprimidos instintos de “machos”.
Tirando a base pela HQ de Miller, era de se esperar uma “obra prima” nesse sentido, com violência, guerra, heroísmo e sacrifício. E 300, o filme, quase chega lá. Se não fosse por duas cenas...
O problema do filme foi a relutância do filme em se assumir como legitimo exemplar de “cinema macho”. E não falo de uma versão mais literal do roteiro de Miller não! Achei até bom algumas amenizações que ocorreram no filme: os espartanos são menos cruéis (entre eles) no filme; o fato de Leônidas não ser tão “Hitler” quando dialoga com Ephialtes; a diminuição da homofobia implícita nas referencias aos atenienses; e até a relação mais “humana” Leônidas com a esposa e filho . Essas todas alterações que listei até melhoraram a história, que se fosse totalmente fiel deixaria de ser “filme de macho” pra ser filme “propaganda de guerra neo-nazista”. Na verdade, o buraco é mais embaixo...

A primeira cena que estraga o filme é a que mostra a reação do capitão que perde o filho em combate. Naquele instante, ele lamenta “nunca ter dito que amava o filho” e outras coisas do tipo... Agora a pergunta básica: o que essa cena ta fazendo ali??? Porque ela é totalmente paradoxal ao resto do longa.
Esparta era uma cidade-estado que mais parecia um quartel. Não existia lá o conceito de família atual (que é coisa de “burguês”, diga-se de passagem). Lá não havia o estimulo de nenhum sentimento a mais que o necessário para se tornar um bom soldado. E isso não é de modo algum, um problema no contexto: Esparta era assim porque precisava ser!
Como já disseram (em outras palavras, mas com mesmo sentido) Maquiavel e Sun Tzu: “aqueles que desprezam a guerra como necessidade essencial de estado, ou que a acham uma atividade torpe, devem largar de serem bestas e se mancarem de que as vezes ela é a única coisa capaz de garantir a paz”. Parece paradoxal, mas não é. É a verdade! Em um mundo cercado de potenciais inimigos como o que os espartanos viviam, uma das melhores atitudes a se tomar era formar um exercito forte. Melhor viver num lugar autoritário e rígido como Esparta do que não viver. Simples assim.
E o filme, que todo o tempo reforça essa teoria de “mal necessário” da dureza espartana, quase que desmorona com essa cena!! Se fosse o Leônidas “neo-nazista” (o da Graphic Novel) a presenciar tal cena, provavelmente o “chorão” seria espancado para parar de dar mal exemplo!!

A outra cena ocorre quase ao final do longa.
Durante todo o filme, se desenvolve uma trama paralela que tem como único propósito “enriquecer” a personagem Gorgo. Se a principio achei aquilo uma “xaropada”, ao fim acabei gostando muito do resultado final.
A história de amor entre Leônidas e Gorgo se tornou uma relação complexa e bela, onde alem de o amor que eles sentem um pelo outro, existe o amor por uma causa comum. É esse amor, o por uma causa, um ideal, que fazem ambos aceitarem de maneira estóica os sacrifícios que cada um teria que fazer.
Gorgo, de maneira nenhuma, “traiu” Leônidas, mas sim agiu de maneira totalmente condizente com o ideal que unia os dois. E ambos sacrificaram seus corpos pela mesma causa. Eu achei isso no filme tocante e maduro, alem do que se costuma esperar de um filme pipoca.
Mas quando tudo estava perfeito... Na cena em que Leônidas despacha o “Forrest Gump” de Esparta, e esse pergunta se havia algum recado para a rainha, Leônidas (numa interpretação excelente de Butler) responde “nenhum que precise ser dito”. Essa cena foi perfeita. O amor entre Leônidas e Gorgo não precisa de auxilio verbal obvio, ele já é visto e sentido nas telas. Mas Snyder faz questão de estragar aquilo que levou quase duas horas pra erguer
Em seus últimos momentos, agonizando, Snyder faz Leônidas desferir uma “declaração de amor” a sua Rainha. E isso, sinceramente, ficou patético e obvio!! O “nenhum que precise ser dito” foi jogado no ralo aqui!! Se antes a poesia consistia em “sentir” o amor entre Leônidas e Gorgo, Snyder estraga tudo não confiando em sua própria platéia, achando que era necessário “mastigar e por na boquinha” pro povão entender.
Não bastando isso, a cena diminui o impacto de sacrifício pelo “bem coletivo” que Leônidas fez, tornando o filme não tão “macho” assim. Sem querer, ele ganha o caráter individualista que é uma característica central do pós-modernismo. Fica como se aquele sacrifício todo não foi feito pela Grécia, mas pela Gorgo.
Apenas pra comparação, vou citar “Casablanca” (esse sim um filme “macho” de verdade). Na trama, o cínico Rick (Humprey Bogart) por fim deixa seu grande amor ir embora com outro em nome de um bem maior: a resistência contra os nazistas. Rick sempre foi um “bosta”, mas esse ultimo sacrifício o redime, transformando-o finalmente em um homem (no sentido do que geralmente a sociedade exigia deles). A cena de sua separação tem poucas palavras, e quando sua amada parte ele também não faz questão nenhuma de choramingar com ninguém. Ele aceita seu destino e pronto. O publico sabe que ele está sofrendo por dentro, mas por fora ele não demonstra. Ele também está em frangalhos, mas como todo “macho”, guarda isso para si, pois o mais importante é o sacrifício que fez pelo bem comum, e não seu sofrimento individual.
Sendo assim, Snyder, vitima de sua própria geração, perdeu a grande chance de realizar um legitimo “filme macho” moderno, esquecendo-se que não é apenas de violência e guerra que se realiza tal feito, mas principalmente pelo modo como os personagens devem encarar seus sacrifícios pessoais...

Por isso, unicamente por essas duas cenas, que sou obrigado a dar uma nota 8 pro filme, que de resto é perfeito na realização do que se propôs.

PS: pra quem está se perguntando se deve assistir o filme ou não depois de tudo isso, saiba que eu recomendo o longa. Como eu disse logo acima, é uma excelente história sobre heroísmo e sacrifício, e principalmente sobre POOORRAAADAAAAA!!! E quase chega a ser uma obra prima do cinema macho, se não fossem duas ceninhas de menininha...

PS2: Será que só eu acho Santoro um ator tremendamente canastrão?

PS3: o filme consegue ser mais historicamente impreciso que a HQ. Por isso, o encarem como ele realmente é: uma mentira bem contada (muito bem contada). Se quer precisão histórica, assista a BBC, e não filme de Hollywood.

PS4: eu adoro PS’s (e parênteses também).

ERRATA: A culpa da ultima cena "piegas" que mencionei não é de Sniyder, mas de Miller, já que a mesma se encontra na HQ original. Mesmo assim, mantenho minha posição de que ela ficou ruim, e creio que o diretor deveria ter "tato" pra perceber isso e exclui-la. é só.