sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
E-book com meus contos (até o momento)
As vezes sinto que devia voltar a atualizar isto, mas eu sou eternamente sazonal. However, quem quiser ler meus 7 contos numa compilação supimpa é só baixar clicando na imagem (pdf e epub). Enjoy ^^
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Despedida
Minha amada, eu
nunca imaginei que este dia chegaria. Você é tantos anos mais nova do que eu...
imaginava que nós nunca teríamos fim. Mas tudo morre um dia.. Mas tivemos
momentos lindos, não? Se lembra quando a gente se conheceu? Eu estava em um
simpósio de medicina em Paris, e você era uma turista perdida que errou a
reserva no restaurante. Lembra da confusão? Eu te salvei daquele garçom chato e
a convidei pra minha mesa. Eu tinha que te convidar... você era linda demais
pra ser ignorada - por qualquer um.
É engraçado como a
gente se conheceu justamente numa viagem. Nós dois adorávamos viajar, e cada
canto do mundo ganhou um brilho novo quando você estava comigo. Mesmo lugares
que eu havia visitado antes inúmeras vezes... alias, até mesmo lugares que eu
nunca visitaria por conta própria, como o Tibete. Lá foi a primeira vez que a
gente falou sobre a morte, talvez sem imaginar que ela um dia viria ao nosso
encontro. A gente viu ao longe um “funeral celeste”. Acho um rito muito
impactante aos olhos ocidentais, mas você quis ver mesmo assim. O Tibete é uma
região montanhosa demais para se enterrar corpos. Isto, junto á noção budista
de ciclo e renascimento origina um dos rituais mais estranhos que existem: o
corpo do morto não é enterrado ou cremado, mas preparado adequadamente para ser
devorado por abutres. Mesmo eu, uma pessoa fria após inúmeras cirurgias que já
realizei não tinha certeza se teria estomago pra assistir isso. Mas você
acompanhou tudo serenamente. Ao final do ritual, você me abraçou forte e disse
que achou aquilo tudo lindo... me fez prometer que sua partida seria assim. Eu
assenti com a cabeça displicentemente, pois achei que seria uma promessa que eu
não teria que cumprir.
No entanto, aqui
estamos. Eu tomei todo o cuidado para que saia tudo bem. Eu tomei o lugar do
homem que realiza o rito pedi orientações precisas do que tem que ser feito. Eu
não deixaria outro homem te tocar. Sabe como sou cuidadoso, não cometerei erro
algum.
O caminho até a
montanha é quase todo feito de carro, mas eu faço questão de carregar seu corpo
inerte com meus próprios braços no curto caminho até o local correto. Seu corpo
está envolto em mantas negras, mas eu fiz questão de não deixar tudo muito
abafado. Eu pego a faca e abro o casulo onde está você... É horrível te ver
nesta situação: nua, inerte, com os membros amarrados como um animal para ser
abatido. Mas você escolheu isto, e apenas eu poderia fazer as coisas do jeito
certo.
Eu começo cortando
as cordas, adiando o máximo o momento em que terei que terei que dilacerar
você. Mas é tudo muito rápido, e quando eu vejo já é hora de avançar o ritual.
Oh, Deus, como isto é cruel para meu coração! O rito pede que primeiro seja
feito um escalpo no corpo... Eu seguro suavemente sua cabeça, e levanto seus
cabelos loiros pela nuca... eu passo a faca debaixo para cima, em um movimento
rápido que separa parte do seu couro cabeludo do seu crânio. Os Abutres começam
a se juntar próximo ao local, observando ao longe. Começo a experimentar agonia
intensa, mas eu sei que se me render ao desespero, não consigo mais prosseguir.
Eu respiro fundo e sigo.
Agora eu preciso
fazer cortes no seu torso e membros. Eu decido começar pelas costas, para não
ter que encarar você. Sua pele alva e
suave é cortada sucessivas vezes. Mas eu não sigo o ritual a risca, e faço
cortes cuja profundidade é superficial. A carne é cortada, mas nenhum vaso
sanguíneo ou órgão é ferido - eu não me daria ao direito de feri-la por dentro.
Quando eu acabo as costas, tomo coragem e te viro de frente... mas ainda não
consigo encarar seus olhos. Eu começo de baixo, para adiar o momento o mais que
eu puder. Cortes sucessivos são feitos. Primeiro eu caminho pelas suas belas
pernas. Eu avanço pelo torso, tentando ignorar o fato que é a ultima vez que
verei tamanha beleza. Meu Deus! Seus braços... Eles são tão lindos também! Eu
nunca havia percebido antes que até eles eram perfeitos! Minha garganta tem um
nó depois disso, mas eu ainda preciso acabar tudo.
Eu fecho os olhos
por alguns momentos, me preparando para a despedida final. Eu espero o tanto
que posso, mas eu sei que é inevitável. Eu abro os olhos frente a seu rosto, e
meus olhos encontram os seus. Azuis e brilhantes, mesmo que não se movam eles
denunciam que você ainda está ai. Eu seguro o seu queixo e, em pranto, corto
seu rosto olhando nos seus olhos. Por quê você fez isso comigo amor? Era tudo
tão perfeito! Como fomos acabar assim?
Por que diabos você tinha que me trair? Meu Deus, justo com meu sócio?
Aquilo me dilacerou mais que estas navalhas dilaceram você... percebe que me
forçou a isso? Eu odeio ter que dar este fim para você! Eu tenho segurado a dor
por meses... Até planejei está viagem para nós para que não desconfiasse de
nada... Quando eu te dopei, você estava dormindo como um anjo. Um lindo anjo
que não era mais meu. Eu sei que está consciente... eu te dei a dose certa de
anestésico para que não consiga se mover, mas que ainda possa sentir e perceber
tudo ao redor. Não consegue sentir minha dor? Não consegue ver minhas lagrimas?
Em prantos, eu me
despeço finalmente de você. Os abutres esperam eu me distanciar, mas avançam
voracidade assim que entendem que a distancia que estou é segura para eles. Em
minutos, sobra apenas um parco esqueleto do que já foi um ser humano. O ritual
pede que nesse momento os ossos sejam triturados com cinzas, mas eu não consigo
realizar está etapa e peço que o responsável “verdadeiro” pelos ritos o
execute. Ele acata, e transforma o que restou de você em pouco mais do que pó.
Estraçalhado, dou meu ultimo adeus: descanse em paz querida!
Titã
Eu passo minhas noites com a
insônia dos perdedores. Não faz tanto tempo assim que começou, mas o ranço da
derrota me acompanha desde então. Não é fracasso econômico... tampouco de nível
social ou coisa do tipo. De fato, eu conquistei a série de pequenos troféus que
homens de classe média almejam. Mas eles não me bastam. Mulher, filhos, carro,
emprego respeitado e casa cara não valem de nada. Não sem o prêmio real. Sim, é
possível ser um “vencedor” e se sentir um nada.
Há dias fiz 41 anos. Seguindo uma
estatística torpe, metade (ou mais) do que viverei se foi. Quando era jovem eu
sempre me imaginei um escritor. Não qualquer escritor, que fique claro: o tipo
certo de escritor. Não um vomitador de Best-Sellers, mas alguém com algo a
dizer. Bem, metade da minha vida se foi e eu cheguei a conclusão de que não
tenho nada de relevante a ser dito. Nada que alguém queira saber.
Durante minha existência comecei
diversas obras, em diferentes etapas da vida. Todas elas foram tratados como
amores de verão. A paixão ardia por um tempo mas não durava o bastante pra
virar algo concreto. Todas elas viraram pó, pedaços pequenos do passado que eu
evito olhar pra não sentir vergonha. Algumas noites eu tento reencontrar esses
amores, mas tal qual contrapartes reais essas relações não tem força o bastante
para vingar. São apenas cadáveres escondidos nas paredes da mente.
Mas o sono não vem mais... Eu
preciso dormir pra manter o castelo que construí sobre os cadáveres das minhas
idéias. A maldita vidinha de classe média precisa ser alimentada pelo meu sono
correto e meu vigor matinal. Mas eu não durmo. Eu me sirvo de whisky e deito na
cama esperando a embriagues como sonífero. Mas o sono não chega, e nos
devaneios de insônia me vem uma idéia. Mas eu não quero uma. Não preciso de
mais cadáveres, e tento não gerar mais um.
Não funciona.
Eu chego a cochilar, mas sou
acordado com o sonho. Eu olho pro relógio e calculo quanto eu já perdi para o
dia de amanhã, mas isso não basta pra me manter na cama. Eu preciso escrever. E
como um marionete de si mesmo, eu escrevo até meu corpo estar em frangalhos.
Durmo duas horas apenas.
Eu preciso recuperar o sono
perdido agora. Tenho problemas demais pra resolver pra dar atenção a uma nova
idéia sem valor. Ciente disto, deito mais cedo na cama. Minha mente está em
fúria, mas meu corpo se rende ao cansaço. Mas não por tanto tempo. Eu sonho de
novo. Deitado em minha cama, um cadáver dilacerado se debruça sobre meu peito e
se debate. Ele clama o seu direito de nascença, e me força, em pânico a acordar.
Eu me levanto e me ponho a escrever.
Os dias seguem nesta rotina
anormal. Meu corpo absorve de modo cada vez mais brutal o cansaço, mas o
cadáver nunca me deixa dormir. Qualquer pequeno cochilo me desperta, com a criatura
horrenda clamando por sua existência. Eu não consigo saber o real impacto desta
rotina na minha vida comum... O cansaço acumulado altera minhas percepções, de
modo como se só as noites tivessem valor. Nada mais importa, a não ser minha
obra.
E após noites e noites de
pesadelo e fúria, aquilo que era apenas retalhos se torna completo. Ele me
forçou a preenche-lo, de modo que nenhuma outra criação fizera antes. Completo,
ele clamava pra ser apresentado ao mundo.
Agora eu sacrifico meus dias.
Percorro labirintos editoriais para soltar a minha besta. Não é fácil. Nas
entranhas de um sistema falho eu me sujo dia após dia. Conseguir um editor é
uma tarefa hercúlea tão desgastante quanto gerar a criatura. Mas ela não me
deixa desistir. Ela é grande demais para ficar apenas a minha vista... e finalmente
ela acha o editor certo. Maravilhado e aterrorizado com minha cria, ele aceita
prontamente publicá-la. Ele sabe que todos que a verem não serão mais os
mesmos.
E não são. As primeiras criticas
surgem timidamente, entravadas na trágica mecânica que dificulta autores novos.
Mas elas avançam como tsunamis, indo das ondas pequenas para o implacável. Um a
um, todos os críticos importantes são subjugados. E sobre a rendição deles,
criaturas menores chamadas leitores são abatidos em sequencia. Criei um monstro.
Por agora, desfruto o prazer de
ter pego o troféu que faltava. Quase perdi os outros no processo, mas recuperei
tudo com a mão vencedora. Eu tenho tudo. A fama discreta me proporciona o
glamour que somente os melhores escritores possuem. O dinheiro que ganho não se
compara ao de Best-Sellers popularescos, mas me possibilita o luxo adequado
para aqueles que não ligam pra futilidades. Sobre o ombro do Titã, eu me torno
protagonista da biografia que queria escrever pra mim.
Mas o tempo passa...
Todos se perguntam quando que uma
nova cria irá surgir. Faz tempo demais que meu primogênito veio ao mundo, e
começam a questionar se ele seria uma estrela solitária. Não. Ele não pode ser
o único. Eu preciso de mais...
Assim, abandono o bem estar da
colheita e me entranho novamente nos porões da criação. Me isolo novamente,
tentando criar a angustia necessária que gera arte. Mas nada me vem. Nada bom o
bastante. Desesperado, eu revisito antigos amores tentando ver se algum deles
pode vingar novamente. Em vão. Nada ali pode crescer tanto quanto o Titã. Eles
se debatem em desespero, esmagados pelo peso daquele que é seu irmão mais novo.
Um a um, eles não existem mais.
Apavorado, me vejo novamente
prisioneiro da insônia e do álcool. Como não tenho mais a rotina de um emprego
comum, isto não é mais um problema real. É fácil perder a noção do tempo por
dias sentado a frente de rascunhos e Whisky. De fato, eu mal faço idéia de
quanto tempo se esvai nesta rotina. Mas coisas começam a acontecer.
Minha mulher anuncia o desejo de
divorcio. Eu nem respondo, pois estou ocupado tentando criar um capitulo. Tenho
advogados para cuidar disso pra mim, e eles fazem bem o seu serviço. As
crianças vão com ela. Bem, um deles não é mais criança... tem 16 anos e
apresenta sinais de que me odeia. Mas eu não tenho tempo para chiliques de
adolescentes, e brindo a rebeldia dele com mera indiferença. A menor ainda vem
me visitar por uns tempos, mas ela percebe que tenho coisa mais importante para
fazer e finalmente se afasta.
Eu paro de contar os anos, mas
ainda me vejo sozinho e cercado de rascunhos incompletos. A miséria econômica
não me encontra, pois o gigante continua a fazer sua mágica ano após ano. Ele
se aloja no panteão da literatura universal, referenciado em livros escolares e
morando na constelação das obras primas. Eu me torno um fantasma, cada vez mais
hermético na minha tentativa de gerar algo novo. E as vezes, só as vezes, novas
idéias surgem e se debatem pra nascer. Mas a noite as leva embora, em pesadelos
horríveis como os que deram origem ao Monstro. Tal como Cronos, o Titã devora
minha novas crias em espetáculos grotescos. Algumas se debatem mais para
morrer, mas nenhuma delas tem potencial o bastante pra sobreviver a ele.
E eu também não sobrevivo.
Agonizando, anos depois de ter lhe dado
origem, sentado pateticamente numa escrivaninha lotada de natimortos, eu sinto o
resto de vida que eu tinha esvair. Eu nem ao menos luto contra isso. Perdi
batalhas demais para não aceitar uma ultima derrota. Em meus momentos finais,
eu o vejo: gigante, imponente, olhando friamente para mim... Ele sabe que
viverá pra sempre.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Especial ENEM: Direitos Humanos, porquê e para quê
A percepção popular do brasileiro sobre direitos humanos é
de que é “coisa de bandido”. Geralmente,
o povão só ouve essa palavra em programas populares que urram que os tais
“direitos humanos” são um obstáculo para se fazer a real “justiça”. Essa é uma
idéia equivocada e perigosa. Quer entender realmente o que é direitos humanos?
Leia esse pequeno artigo e tire suas conclusões.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Existe toda uma trajetória de discussões filosóficas e
movimentos políticos que norteiam a definição do que seriam direitos essenciais
a todas as pessoas, mas a definição do que seriam os “Direitos Humanos” é
bastante recente. Não é que em outros momentos não tenham existido a garantia
de direitos e igualdade para as pessoas de determinado local, mas essa
igualdade era quase sempre bem relativa. A “declaração do homem e do cidadão”,
feita na revolução francesa garante direitos iguais para todos, desde que você
não seja mulher (Olympe de Gouges ousou criticar isso e foi decapitada). A
“declaração de independência” americana começa dizendo que todos nascem iguais
e dotados de direitos naturais e invioláveis, mas obviamente esse “todos” não
incluem os negros, que ainda tiveram muito chão pra serem tratados dignamente
na terra do Tio Sam. Meu exemplo favorito é do que envolve a crise diplomática
entre o Japão e o Peru no século XIX: O Japão apreendeu na sua costa um navio
cheio de escravos chineses que iriam para o Peru. O Japão deu uma lição de
moral no Peru, e recebeu como resposta “seus hipócritas, ficam pagando de ser
contra a escravidão mas ai no país de vocês tem umas minas que são tratadas
como coisa (as gueixas)”. Resposta japonesa: “Olha meu filho, essas minas até
parecem seres humanos, mas não são, tá! U.U”. Acho que se você não é burro, já
deve ter percebido como esse negócio de quem é humano ou não variava de acordo
com algumas “conveniências”
Então qual foi o “motor” que deu origem ao conceito moderno
de direitos humanos (e a idéia que de ele deveria se estender à todos)?
Basicamente, tudo se deve ao lindo evento conhecido como
Segunda Guerra mundial. Como todos bem sabem (ou ao menos deveriam saber), a
Segunda Guerra jogou muita coisa no ventilador: idéias eugenistas, racismo
“cientifico”, genocídio, massacre de civis etc. Eu sei que você talvez tenha
uma idéia glamourizada do período (culpa do call of duty?), mas na verdade foi
um dos períodos mais terríveis da história da humanidade (tanto que até seu
“fim” foi decretado com nada menos que uma bomba nuclear lançada sobre alvos
civis). As conseqüências trágicas da Guerra levaram a tentativa de criação de
um mediador de relações internacionais conhecido como ONU (Pros desinformados
em história, a ONU é a digievolução da finada Liga das Nações, que tinha fins
similares). Pois bem, além de tentar acalmar os ânimos de países loucos pra
explodirem um ao outro, a ONU achou por bem criar um documento que norteasse os
direitos que todo e qualquer ser humano deveria possuir (justamente pra evitar
as cacas similares as que aconteceram na Segunda Guerra). Tal documento foi
finalizado e publicado em 1948, com o nome de “Declaração Universal dos
Direitos Humanos”. Ele não possui a força de lei (não existe um “rei do mundo”,
ao contrário do que você aprendeu em “Titanic”), mas as Nações Unidas criam
mecanismos diversos pra pressionar as nações a seguir a maior parte das regras
estabelecidas no documento. Mas do que
trata especificamente o bichinho? Leia o próximo tópico e descubra.
O QUE É A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
(e porque deve ser respeitada)
É basicamente um conjunto de direitos que seriam inerentes a
todos os seres humanos existentes, sem se pautar em distinção nenhuma. É ai que
mora toda a polemica do negócio: o tal distinção nenhuma inclui também pessoas
acusadas de crimes. Nesse sentido, você deve ter ouvido (ou até dito) inúmeras
vezes “direitos humanos pra humanos direitos” ou “nunca vi esses povo dos
direitos humanos visitar a família da vitima”. Bem, por mais que tais
argumentos pareçam atraentes para alguns, eles são falaciosos.
Os que argumentam que “criminosos” não deveriam possuir tais
direitos esquecem ou não sabem que a noção de quem é “direito” e “torto” é algo
bem relativo. Em outras épocas (e em alguns lugares atualmente) é errado ser
mulher, ser negro, minoria étnica ou pobre. Você não é um criminoso por ter
feito algo, mas simplesmente por ser
algo. Os direitos humanos não visam necessariamente proteger os cidadãos de um
local de outros cidadãos, mas principalmente protegê-los da ação ou omissão do
Estado. Eu creio que você deve ter reclamações interessantes sobre corrupção,
lerdeza, ineficiência e injustiças feitas pelos seus governantes, e realmente
acho irônico como tem gente que enxerga como “solução” dar justamente a esse
Estado o poder de estar acima da lei ou de matar. “Ah, mas eu não sou um
criminoso!”. Tem certeza? Em alguns países cometer adultério é um crime,
inclusive passível de pena de morte. Em muitos lugares do mundo, não seguir uma
religião especifica também é crime, punível com morte também. Acha interessante
cortar a mão de furtadores? Bem, baixar arquivos ilegalmente é furto, bem como
ficar com um troco maior do que devia ter recebido. Estupradores e pedófilos
devem morrer? Acho ótimo! Mas gostaria de lembrá-lo que transar com uma garota
abaixo de 14 anos (mesmo que ela queira) ou “abusar” de uma mulher bêbada é
configurado pela lei como “estupro de vulneravel”.
É muita ingenuidade presumir que o Estado vai apontar sempre
as armas para as piores pessoas do mundo, e que o poder de discernimento de uma
pessoa (um policial, por exemplo) ou uma instituição (o sistema jurídico, at
example) vá ser infalível e exterminar justamente os culpados e poupar os
inocentes. Isto não quer dizer em absoluto que ser um defensor dos Direitos
Humanos é alguém a favor da impunidade, mas sim que tais punições devam seguir
regras claras e justas, e assim garantir que um cidadão comum não entre de
repente na bacia dos “não humanos” que “devem ser eliminados”.
O segundo argumento repetido a exaustão (aquele de que
direitos humanos não se preocupa com as vítimas) também é extremamente
desonesto. As instancias preocupadas com Direitos Humanos agem em inúmeras
outras frentes, protegendo minorias da opressão de outros civis e viabilizando
políticas públicas para proteção de indefesos. Você considera defender os
direitos básicos de crianças e adolescentes, idosos, deficientes, perseguidos
políticos, homossexuais, minorias religiosas como defender bandido? Você acha
que combater a escravidão, a tortura e a violência contra minorias é algo
“negativo”?
Os defensores de Direitos Humanos estão SIM preocupados com
TODAS as possíveis vítimas que existam ou possa existir em um país. E acredite:
Se o preço que você paga pra ter direitos elementares é que outros também os
tenha, você está na verdade com muita sorte.
ENTÃO POR QUE MUITA GENTE DA MÍDIA É CONTRA?
Bem, existe uma somatória de fatores. Embora eu não descarte
afinidade ideológica nos envolvidos, o fator principal é o modo como um veiculo
aberto como a Televisão obtém seus lucros: anunciantes. Onde você gostaria que
algo que você quer vender seja anunciado: em um lugar que poucos vêem ou em um
lugar bem visível? E se eu disser pra você que pra eu tornar este lugar mais
visível eu teria que fazer um pouco mais de estardalhaço e distorcer um pouco
os fatos pra tornar tudo mais atraente? Dinheiro vem de anunciante, anunciante
é atraído por audiência, e um dos melhores meios de se obter audiência é
justamente o “bafão”. Muitos programas de TV nem usam o estardalhaço como tempero,
mas sim como prato principal. Nesse sentido, cenas horrendas de crime e a ação
policial para coibi-los não são tratados como coisa séria, mas como um “show”.
Já reparou toda a coreografia nesses programas? Os bordões, os trejeitos, a
gritaria e a repetição de cenas grotescas? Com certeza não é algo que visa lhe
provocar uma reflexão, mas apenas uma reação emocional. A emoção trágica da
fragilidade da vida, a emoção da “justiça feita”, a emoção da “indignação com o
mundo”.
Certa feita especularam que o torcedor gosta do Galvão Bueno
porque ele “torce por você”. Acho que é bem visível como tais apresentadores
também reagem emocionalmente por você. Qualquer um que já tenha sofrido algum
tipo de violência ou perda sabe a sensação horrível que é estar em condição tão
vulnerável. Qualquer um que já tenha visto a impunidade acontecer sabe a agonia
da ausência de justiça. Mas esses programas não te dão a solução desses
problemas. Esses programas não trazem soluções sérias para nada que você está
sentindo. De fato, esses programas servem de catarse para seus sentimentos
primais, enquanto os problemas verdadeiros continuam convenientemente existindo
sem solução...
PARA SABER MAIS
Ainda acha que direitos humanos são ruins? Que tal ler essa
versão resumida (de autoria de Frei Beto) e tirar umas conclusões? Segue
abaixo:
Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e direitos.
Todos temos direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal e
social.
Todos temos direito de resguardar a casa, a família e a honra.
Todos temos direito ao trabalho digno e bem remunerado.
Todos temos direito ao descanso, ao lazer e às férias.
Todos temos à saúde e assistência médica e hospitalar.
Todos temos direito à instrução, à escola, à arte e à cultura.
Todos temos direito ao amparo social na infância e na velhice.
Todos temos direito à organização popular, sindical e política.
Todos temos direito de eleger e ser eleito às funções de governo.
Todos temos direito à informação verdadeira e correta.
Todos temos direito de ir e vir, mudar de cidade, de Estado ou
país.
Todos temos direito de não sofrer nenhum tipo de discriminação.
Ninguém pode ser torturado ou linchado. Todos somos iguais perante
a lei.
Ninguém pode ser arbitrariamente preso ou privado do direito de
defesa.
Toda pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, prove a
contrário.
Todos temos liberdade de pensar, de nos manifestar, de nos reunir
e de crer.
Todos temos direito ao amor e aos frutos do amor.
Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade.
Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes
direitos.
FONTES & EXTRAS
Declaração de Independência dos EUA: http://www.infopedia.pt/$declaracao-de-independencia-dos-estados
Incidente diplomático do Japão contra o Peru: http://en.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%ADa_Luz_Incident
Site Brasileiro de defesa dos direitos humanos: http://www.dhnet.org.br/
Versão resumida dos Direitos Humanos: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/deconuvs.htm
Versão integral do mesmo: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm
Sobre essa história de ser crime transar com menor de 14: http://grupointegracaoglbt.blogspot.com.br/2009/03/quando-o-sexo-e-crimeidade-de.html
Site oficial da ONU no Brasil: http://www.onu.org.br/
Quer descobrir o quão criminoso você seria em outro país?
Este ap é um começo: http://uoltecnologia.blogosfera.uol.com.br/2013/04/24/ferramenta-mostra-crimes-que-voce-comete-no-mundo-ao-usar-o-facebook/
ONG sobre direitos humanos que tem vídeos bem bacanas
resumindo o assunto. Eles também enviam um DVD gratuitamente a quem solicitar
(eu uso ele em aula): http://br.youthforhumanrights.org/
terça-feira, 7 de maio de 2013
Manual do Nerd Pobre Volume 01 - Compras no exterior!
Você já ouviu falar de sites que trazem muamba da China? Não
estou falando de sites brasucas que fazem o "atravessamento" do
produto (as vezes, cobrando valores absurdos) , mas sim de sites chineses que
enviam diretamente para sua casa (com frete grátis) e com preço bem camarada.
Bem, tendo ou não ouvido falar, este é um pequeno manual de como comprar desses
sites e encher sua casa de porcarias pra pirar o cabeção da patroa :P
1- A primeira
coisa que vai precisar é de um cartão de
crédito que permita compras internacionais. Tem um? pule para a etapa 2.
Não tem? continue lendo (obvio, mas foda-se)... Existem inúmeras opções de
cartões de crédito internacional, mas a imensa maioria tem uma anuidade salgada
e são cheio de taxas (afinal, eles em geral são feitos pra quem viaja ao
exterior e faz grandes negócios, e não pra nerds fodidos que querem
badulaques). Mas tem duas opções sem anuidade e taxas toscas para se adquirir:
O cartão de crédito Saraiva
e o cartão de crédito Petrobras.
Basta entrar nos referidos links, preencher o cadastro e solicitar o seu.
Obviamente, existem pré-requisitos para isso, como idade mínima (se fudeu
pirralho), conta em banco e comprovação de renda. Também é bom frisar que como
todo cartão de crédito, pagar tarifas em atraso ou coisas similares implicará
em taxas horribles. Mas é só usar com responsabilidade que beleza ^^.
2- A segunda
exigência é um cadastro no PayPal. Pra quem não
sabe o que é o PayPal, ele é um "mediador" de transações bancarias.
Ao invés de você passar seu endereço e numero de cartão de crédito para as
lojas online, o PayPal recebe o cashim ele mesmo e transfere para os manolos.
Pode não parecer muita coisa, mas é uma importante ferramenta de segurança.
Mas, voltando: você precisa se cadastrar no paypal. Ali você coloca os cartões
de crédito que pretende usar e também dados básicos como endereço e telefone.
Para que sua conta seja "confirmada", é preciso submeter seu cartão
de crédito a uma tarifa (de até 10 dolares) que será em um primeiro momento
cobrada no seu cartão e depois estornada a ele. Basicamente, eles vão pedir
posteriormente que você digite o valor que foi cobrado no seu cartão pra ter
certeza que ele é seu (esse processo costuma demorar um pouco, pois o banco
demora pra apresentar no extrato as cobranças recentes). Conta confirmada? hora
das compras!!
3- Entender
Inglês Nórdico (sério, sem isso você vai travar)
4- Sites lindos
que vendem badulaques (com frete grátis) um deles, mas existem muito mais pra
você se aventurar!!
Dealextreme: site de Honk Kong
que vende uma quantidade incrível de badulaques por um preço muito legal. Seu
forte são gadgets nerds e eletronicos.
DinoDirect: Mais um
Xing Ling, que tem um estoque quase infindavel de... quase tudo. Sério, se
procurar direito, acho que até rins eles vendem :P.
TinyDeal: Site
"irmão" do Dealextreme, mas com mais opções de nerdices
(infelizmente, a maioria delas ligadas a animes).
FocalPrice: Desta
lista, o único que ainda não comprei nada. Mas é um dos mais antigos e famosos,
podem confiar.
Estarland:
Este na verdade é um site americano que vende coisas de videogame. Tem preços
muito bons (principalmente jogos usados) e entregam para o Brasil.
5- Dicas gerais
pra não se exprudir: 1- Sim, você corre o risco de ser taxado. Não é um risco
tão grande (a alfândega trabalha com amostragem, ou seja: ela não abre todos os
pacotes). O ideal pra evitar esse risco é comprar coisas pequenas, e separar as
compras (pro pacote não ficar muito grande). Também é bem arriscado comprar
algo como um PS3 (pelo peso, tamanho e preço). Ainda assim, se o produto for
taxado ele ainda custa mais barato do que custaria aqui. 2- Evite comprar
eletrônicos. Eles são bem tentadores, mas além do risco maior de taxação dão um
trabalho do cão pra serem trocados caso apresentem defeitos. 3- Sim, eles
costumam demorar pra chegar. Uma média de 1 a 2 meses, geralmente. Se precisa de algo de
imediato, não compre nesses sites. 3- Existe variação no preço do dólar, bem
como pequenas taxas de cambio nas compras. São pequenas e irrisórias, mas
existem. To avisando pra neguinho não chorar... 4- Compradores postam reviews
dos produtos geralmente. Ler eles é um bom caminho pra decidir uma compra ou
não.
6- Exemplos de
coisas fodasticas pra se pegar: pen
drive do superomi por 30 mangos!! Bonequinho
caprichado do Mario por 8 reals!! Mascará
do Guy Fawkes pra derrubar governos por 6 reais!!
Para saber mais: Importe
Sim!
sexta-feira, 1 de março de 2013
Carlinhos Sagaz & Randy 001
Carlinhos Sagaz é um garoto de 5 anos inteligente e altivo.
Randy é um dragão invisível, melhor amigo de Carlinhos e dono de um humor por
vezes ácido. Juntos, eles passam os seus dias conversando sobre ciência, as
belezas do universo e a ingenuidade de outras pessoas.
PRODUTORES
http://www.ceticismoaberto.com/
https://www.facebook.com/ceticismoaberto
http://cientistasocialnerd.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/CientistaSocialNerd
http://universoracionalista.org/
https://www.facebook.com/UniversoRacionalista
CRÉDITOS
Alvaro Trigo Fernandes,; idealizador do conceito original, co-desenvolvedor
e roteirista
Rodrigo Chaves; co-criador do visual dos personagens e
desenhista.
Kentaro Mori; co-desenvolvedor e Editor do Projeto
Andy B. Goode; co-desenvolvedora e Editora do Projeto
Consultores & Colaboradores: Adriano Borges, Caio
Pieroni, Carlos Apodman Bella, José Airton, Jeferson Luizi Pereira, Julio Cesar
Varella Hernandez, Martina Rodrigues, Pedro Mourão e Silvio Santos
NOTA: Os conceitos apresentados são uma homenagem a Carl
Sagan, James Randi e Bill Watterson. Embora haja inúmeras referencias as obras
dessas pessoas, está NÃO É UMA OBRA BIOGRÁFICA.
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